Um tribunal australiano condenou pais e membros de uma seita religiosa por homicídio culposo após a morte da filha de 8 anos, que sofria de diabetes, por negarem insulina por motivos religiosos.
Um tribunal australiano condenou nesta quarta-feira Jason e Kerrie Struhs, e outros 12 membros de uma seita religiosa , pelo homicídio culposo da filha do casal. A menina, que tinha diabetes, foi privada de acesso à insulina. Ao longo do julgamento, um dos momentos mais perturbadores ocorreu quando os pais contaram que decidiram abandonar o uso da substância por conta da 'confiança em Deus'.
Em depoimento de duas horas dado à polícia pouco após a morte da menina, Kerrie afirmou que os membros da seita seguiram 'orando' por Elizabeth, mesmo com o quadro de saúde dela piorando após deixarem de aplicar insulina na menina por seis dias. 'Tudo o que consigo lembrar é que, como estávamos orando e fazendo coisas com a visão de Deus intervindo, ela estava piorando cada vez mais', disse ela em um vídeo exibido pelo programa de TV A Current Affair. 'Na quinta-feira ela estava obviamente muito doente e na sexta-feira de manhã ela parou de respirar.' Ainda segundo a publicação, a mãe admite que a morte de Elizabeth a 'perturbou', mas afirma que se recusa a 'perder a fé em Deus'. 'Eu nunca vou pensar que Ele falhou. Ele ainda pode trazê-la de volta, não importa onde o corpo dela esteja', afirmou. 'Deus não pode falhar e não acredito que ele tenha falhado aqui.' O pai, Jason, era o responsável pela aplicação do produto naquele momento e disse que a decisão de suspender o uso foi tomada de maneira conjunta. Ele disse que a menina era 'muito forte' e que 'era isso que ela queria'. 'Não foi uma decisão fácil fazer o que Elizabeth queria, mas acreditando em Deus, acredito que Ele teria curado, ou curará', disse ele à polícia em casa, pouco após a morte da filha. 'Estamos em paz com o que estava acontecendo', completou o pai, dizendo não tinha arrependimento e que estava 'feliz por ela'. Os pais da menina Elizabeth Struhs, assim como o líder religioso do grupo Saints, foram condenados pela morte da criança em janeiro de 2022, após o julgamento na Suprema Corte do estado de Queensland, no norte do país. Ela tinha 8 anos, à época. O pequeno grupo religioso da cidade de Toowoomba tinha uma 'crença fundamental' no poder de cura de Deus e não admitia atendimento médico, afirmou o juiz Martin Burns na sentença. A menina morreu de cetoacidose — uma complicação grave da diabetes — depois que sua medicação com insulina foi suspensa por quase uma semana, destaca a sentença. Jason e Kerrie foram condenados por homicídio culposo por abdicarem do dever de cuidar da filha, demonstrando 'grave falha moral e desprezo pela vida humana', segundo o juiz. Os outros condenados foram declarados culpados do mesmo crime devido ao encorajamento aos pais para que impedissem a menina de receber insulina
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