O clube ameaçava ir à Justiça e construtora perdoou um débito de mais de R$ 1 bilhão e reconheceu perdas, mas ainda é necessária confirmação por uma assembleia de acionistas em relação a uma parcela menor da dívida.
O Sport Club Corinthians Paulista — o segundo clube de futebol com maior número de torcedores no Brasil —, realizou em 2014 o seu maior sonho: a construção da Arena Corinthians, conhecida como Itaquerão.
O mármore veio da Grécia e da China. Carpetes importados chegaram dos Estados Unidos e as louças sanitárias, do Japão. As portas de ferro utilizadas exibem a grife Hörmann, da Alemanha. Os vidros dos camarotes são italianos. No dia 12 de junho, quase um mês depois, a arena seria palco do jogo Brasil e Croácia, na festejada abertura da Copa do Mundo no Brasil.
O Corinthians e a empreiteira concordaram com essa soma. Além de confirmar o valor, a comissão presidida pelo ex-vice-presidente de marketing do clube Edgard Soares — e integrada ainda pelo relator Romeu Tuma Junior, ex-vice-presidente de Esportes, e pelos conselheiros Flavio Capitão e Reginaldo Monteiro — apontou supostos erros e descumprimentos do contrato.
Para defender sua tese, o Corinthians contratou empresas de auditoria para contestar os laudos apresentados pela empreiteira. Numa ação na Justiça, porém, somente laudo de peritos com fé pública e indicados por um juiz poderiam ser considerados. O grupo Odebrecht acabou participando de duas formas: originalmente apenas por meio de sua construtora, Odebrecht Engenharia e Construção, contratada pelo clube para erguer o estádio com o projeto fornecido pelo Corinthians.
O contrato inicial, de acordo com os conselheiros, previa uma arena padrão Fifa, com capacidade para 48 mil pessoas. Segundo a comissão, desde o primeiro momento em que se falou no estádio o projeto já visava a Copa do Mundo e o jogo da abertura. Em atividade, o estádio produziria receita suficiente para pagar a construção. Toda a arrecadação iria para a Odebrecht, até atingir o valor da obra apresentado no contrato — R$ 335 milhões — lembram os conselheiros do Corinthians.
O modelo em que a Odebrecht se tornaria operadora do estádio - como chegou a manter no Maracanã e na Arena Pernambuco e ainda executa na Arena Fonte Nova, em Salvador - valia apenas para o projeto original, sem os incrementos necessários para sediar jogos e a abertura da Copa do Mundo, alegou a empresa.
Para eles, o descumprimento no início das obras já geraria multa, em qualquer contrato no mercado imobiliário. A Odebrecht justificou: o atraso se deveu à necessidade de esperar o Corinthians conseguir o financiamento da Caixa Econômica Federal. Segundo Soares, não houve um gerenciamento da obra, para se saber se era executada de acordo, se cumpria-se o cronograma e os custos estavam corretos. A construtora contestou essas afirmações. Justificou à época, por meio de seus representantes, que não há ona maioria das obras de grande porte no País - nem mesmo públicas -, e que o gerenciamento do empreendimento era feito por uma comissão do clube.
Outra queixa se refere à capacidade do estádio para 46 mil torcedores. Mais uma vez o contrato teria sido negligenciado, no entender dos conselheiros, já que previa 48 mil espectadores. A comissão de conselheiros também avaliava que um movimento contábil-financeiro que significasse a quitação da dívida do Corinthians seria interessante para a empresa.
Contabilmente deveriam ter sido classificados como um ativo contingente, na prática, uma conjectura. Sem a certeza e probabilidade de que fosse tornada real, tratava-se apenas de uma estimativa. A construtora admitiu, segundo informações em seus balanços, equívocos nas projeções e expectativas de receitas futuras que não se concretizaram. Reconheceu a perda.
A Odebrecht avaliou, ao final, que não receberia mesmo o total da dívida. Com um contencioso grande na recuperação judicial da holding e da OPI, entendeu não valer a pena uma briga judicial. Sabendo do projeto do Corinthians para ter um estádio próprio, os governantes procuraram Andrés Sanchez e sugeriram a mudança de seu projeto, para garantir a abertura da Copa em São Paulo.
Desperdiçou, assim, o bom momento econômico vivido pelo país, à época, e o fato de a arena ser a sede da abertura da Copa.Para viabilizar sua pedida pelos"naming rights", Andrés e seu fiel escudeiro Rosemberg mudaram aspectos do projeto do estádio, tornando a fachada mais luxuosa e elevando o custo da obra para R$ 985 milhões. E os"naming rights" não foram vendidos.
Pela leitura de Haddad, se por algum motivo a obra não fosse concluída a tempo, não existiria o evento de abertura na zona leste e, portanto, não haveria nenhum incentivo ao desenvolvimento da região. Assim, os CIDs só poderiam ser liberados quando o jogo de abertura fosse realizado. Uma parte dos gastos com a abertura da Copa no estádio, não incluída no orçamento do clube e do Fundo Arena, também ficou ameaçada devido às manifestações políticas de 2013, marcadas pelo slogan"não vai ter Copa".
Foi preciso, então, segundo a Odebrecht, sair em busca desse dinheiro. Por isso, a OPI emitiu debêntures junto à própria CEF, no valor de mais de R$ 300 milhões. Este valor foi para a recuperação judicial da holding Odebrecht S.A e da OPI. Já o clube ficou isento da dívida em debêntures contraída pela OPI junto à CEF. Mas o Corinthians permaneceu como único responsável pela dívida contraída no âmbito do programa Pró-Copa do BNDES, cujo agente repassador foi justamente a CEF. Neste arranjo, o Fundo Arena deve ser dissolvido, com o clube assumindo as receitas da Arena e única dívida remanescente, o financiamento do Pró-Copa.
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