Comunidade internacional legitimou os dois rivais militares como atores políticos, confiando-lhes a tarefa de fazer uma transição democrática, o que não aconteceu; violência dos últimos dias deixaram mais de 500 mortos
– cometeram um grave erro de cálculo ao acreditar que os dois generais eram partes dispostas prestes a entrarem em acordo.
A troca destacou o quão pouco progresso foi feito desde 2019, quando uma revolta popular levou à remoção do ditador sudanês de longa data, o presidente. Quatro anos depois, ele foi substituído por dois líderes militares que subiram na hierarquia sob seu governo corrupto e brutal de 30 anos, agora em uma batalha pela supremacia.
De um subclã da tribo Mahariya Rizeigat, povo nômade que pastoreava camelos em Darfur, Hemedti começou como comandante dos Janjaweed. Quando dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia foram às ruas de Cartum no início de 2019, Bashir convocou as forças armadas de Burhan e as tropas paramilitares de Hemedti para reprimir o levante. Mas a dupla aproveitou a oportunidade para atacar Bashir, unindo forças para depô-lo.
Hemedti negou estar envolvido na violência, e as sanções que foram pedidas por alguns membros do Congresso dos EUA visando seus interesses financeiros nunca aconteceram. Mais tarde naquele verão, ele foi nomeado vice-chefe do Conselho Soberano de Transição que governou o Sudão em parceria com a liderança civil. Burhan foi nomeado seu chefe.
Se o acordo para a criação de um governo civil no início de abril teria credibilidade – seja para os movimentos de protesto do Sudão ou para seu povo – é uma questão em aberto. Mas o que está claro é que a comunidade internacional cometeu um erro ao confiar que Burhan e Hemedti estavam interessados na reforma, disse Feltman.
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