Após um acidente aéreo envolvendo um helicóptero do Exército e um avião da American Airlines, o presidente Trump acusou programas de diversidade da Administração Federal de Aviação, sem apresentar evidências, buscando usar o incidente para seus fins políticos e afastar a imagem de incompetência dos Estados Unidos.
Após o choque de um helicóptero do Exército, um Black Hawk, com um avião da American Airlines, que resultou na morte de quase 70 pessoas e no queda em chamas a poucos quilómetros da Casa Branca, o presidente lançou-se a apontar culpados. Tenta, desta forma, utilizar o incidente na sua guerra ideológica, mas também afastar a imagem de vulnerabilidade e incompetência dos Estados Unidos perante o mundo devido à vergonha.
Sem apresentar evidências, Trump acusou os programas de diversidade da Administração Federal de Aviação, alegando que estes permitiriam que pessoas com problemas mentais e psicológicos, e com baixa capacidade técnica, atuassem como controladores de voo. É um despautério. Indicou que esses programas foram criados por Barack Obama e aproveitou a tragédia para dar apoio a uma das suas bandeiras, o combate às políticas de diversidade apoiadas pelo governo. Faz o que já tinha feito na sua primeira gestão, quando culpou migrantes por ataques cometidos por cidadãos norte-americanos. Mas também usou a justificativa para criar uma distração. A colisão transmite ao mundo um sinal de incompetência e vulnerabilidade da maior superpotência do mundo e, portanto, do governo que a lidera. Pois um acidente deste porte num aeroporto que serve a capital dos EUA passa ao mundo a imagem de um país desorganizado. A segurança aérea dos EUA volta, desta forma, a ser colocada em dúvida, mesmo após os protocolos adotados após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. 'Ah, mas acidentes acontecem a todo momento e a toda hora.' Sim, mas o que houve aqui foi um acidente de um helicóptero do Exército dos EUA com uma aeronave de uma das mais importantes companhias aéreas do mundo, quase junto ao Pentágono, quando tudo deveria operar sob os maiores padrões de qualidade. E se o governo de Washington não consegue controlar direito nem o seu céu, nem os seus militares, e garantir segurança ao público que está num voo comercial regional, como pode querer se vender como um país que vai 'fazer a América grande de novo' - do inglês Maga (Make America Great Again, lema do novo presidente). Independentemente do que apontar a investigação, a menos que conclua ser um 'ato terrorista', o acidente passa uma imagem de um país mais frágil do que ele quer se afirmar. Claro que não dá para culpar Trump pelo que aconteceu. Mas a pressa dele em apontar culpados e instrumentalizar o caso precisa ser criticada adequadamente. Porque o que acontece lá funciona como laboratório para outros grupos de extrema direita ao redor do mundo, incluindo aqui. Em tempo: no dia da posse de Donald Trump, quando anunciou que iria incentivar a queima de petróleo num mundo de mudança climática, ironizei que, muito em breve, ele acusaria migrantes e pessoas trans pelo aquecimento global. Foi com previsível consternação, portanto, que o ouvimos acusar as políticas de diversidade por um acidente aéreo entre civis e militares
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