O presidente ucraniano acusa os Estados Unidos de retirarem a Rússia do isolamento global após a invasão da Ucrânia, criticando o presidente Trump por viver em uma 'bolha de desinformação' e por dar concessões demais à Rússia. Zelensky também expressa preocupação com a redução da assistência americana e destaca o foco na Europa para garantir a segurança da Ucrânia.
Volodymyr Zelensky acusou os Estados Unidos nesta quarta-feira, 19, de retirarem a Rússia do isolamento global que caiu após invadir a Ucrânia, um dia depois de negociações bilaterais entre Washington e Moscou em Riade, na Arábia Saudita. O presidente ucraniano já havia protestado por ter sido deixado de fora das conversas, ao que Donald Trump respondeu culpando-o por dar continuidade ao conflito ao falhar em firmar um acordo com Vladimir Putin.
Por causa disso, Zelensky afirmou que o líder americano 'vive em uma bolha de desinformação'.\'Infelizmente, o presidente Trump, com todo o respeito por ele como líder de uma nação que respeitamos muito, está vivendo nessa bolha de desinformação', declarou o ucraniano, ao denunciar que a campanha de fake news da Rússia parece ter se infiltrado no governo americano. Ele enfatizou que as últimas pesquisas de opinião mostram que tem a confiança de 58% dos ucranianos, rebatendo a sugestão feita por Trump de que seu índice de aprovação estaria em 4%. O chefe da Casa Branca, na terça-feira, aumentou a pressão sobre Zelensky para realizar eleições – ecoando uma das principais demandas de Moscou. O mandato do ucraniano expirou em maio passado, sem novo pleito porque o país está em estado de sítio, algo que um cessar-fogo anularia, e os russos têm a esperança de ejetar o atual líder do poder.\Concessões à Rússia Os líderes europeus estão cada vez mais temerosos de que Trump esteja dando concessões demais à Rússia em sua busca pelo acordo com a Ucrânia, que ele prometeu selar antes mesmo de assumir o cargo. Mas o republicano insiste que seu único objetivo é a “paz” para acabar com o maior conflito bélico na Europa desde a II Guerra Mundial. Depois de um telefonema de noventa minutos entre os líderes americano e russo na semana passada, Pete Hegseth, secretário da Defesa dos Estados Unidos, proclamou que seria “irrealista” restaurar a integridade territorial ucraniana no âmbito de um armistício e descartou a entrada do país na Otan, jogando a responsabilidade de dar garantias de segurança a Kiev para a Europa. Essencialmente, deu o pontapé inicial ao processo de paz nos termos de Putin. Zelensky rejeitou fazer amplas concessões à Rússia, dizendo que qualquer ideia desse tipo é rejeitada pelos ucranianos. Ele sublinhou que Moscou continua sendo 'a parte culpada' e que 'não dá para maquiar' sua responsabilidade pela guerra. 'Ninguém na Ucrânia confia em Putin. Precisamos de garantias claras de segurança', disse ele, desafiando o enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, que visita Kiev nesta quarta, a ir falar com a população. 'Deixe-o andar por Kiev e outras cidades. Pelo menos 20, 30% da capital está desaparecida, pois foi destruída', afirmou sobre Kellogg. 'Deixe-o perguntar sobre Trump, o que as pessoas pensam sobre Trump após suas declarações. É importante que ele veja por si mesmo o que está acontecendo.' \Foco na Europa Zelensky também falou na declaração que seu foco agora está no apoio que a Europa pode fornecer à Ucrânia se houver uma redução na assistência dos Estados Unidos. Segundo ele, discussões teóricas sobre garantias de segurança fora da Otan são difíceis, pois “não temos muitos formatos nem tempo para construir algo novo”. “Queremos garantias de segurança este ano, queremos acabar com a guerra este ano, e por isso que a Otan é uma fiadora natural para qualquer acordo', afirmou, mas concedeu que garantias de segurança também podem ser feitas por meio do fortalecimento do exército ucraniano, com financiamento, armas e defesa aérea. Zelensky, por fim, rejeitou enfaticamente o atual rascunho de um acordo para dar a empresas americanas acesso privilegiado aos minerais de seu país, a que havia se mostrado disposto para garantir a continuidade da ajuda militar de Washington, dizendo que 'não estava pronto'. Segundo ele, o tratado foi elaborado apenas sob a lei dos Estados Unidos e oferece compensação inadequada. 'Não posso vender nosso Estado', resumiu
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