Opinião As juízes de direito da coluna Sororidade em Pauta escrevem sobre o falecimento por Covid de Maria José Cavalcanti Nóbrega, conhecida como Voinha, e que era uma matriarca do grupo.
“Do que ouvi, colhi histórias. Nada perguntei. Uma intervenção fora de hora pode ameaçar a naturalidade da voz de quem conta. Acato as histórias que me contam. Do meu ouvir deixo só a gratidão e evito a instalação de qualquer suspeita. Assim caminho entre vozes.
Voinha, mesmo sem saber, contribuiu para o crescimento de cada uma de nós. Ao construir as melhores partes da Renata, construiu, também, as nossas. E constrói as partes de Bia, filha da Renata e bisneta da Voinha, que pelo que sabemos era como se fosse sua Mainha.Voinha, mesmo sem saber, fez parte da sororidade que nos reuniu, nos fortaleceu e nos permitiu alçar nossos voos solos e coletivos e, acima de tudo, nos fez pertencentes e pertencidas.
Levantamentos feitos naquele país contabilizam que entre 10 de fevereiro e 14 de abril, morreram quase 7.000 idosos em asilos de todo o país, sendo 3.045 na Lombardia. No total, 40% dos óbitos são de casos confirmados de Covid-19 ou suspeitos com sintomas. Os números, no entanto, tendem a ser maiores.
E por que isso acontece? Porque a maioria dos países assolados vertiginosamente pela doença são governados por homens brancos – ao reverso, os locais com mais sucesso no controle da doença são governados por mulheres, como é o caso da Alemanha e da Nova Zelândia. Esses dados empíricos da eficiência feminina à frente de governos no combate à pandemia global do Covid-19 evidenciam que governar é muito mais que contabilizar números.
Nessa lógica, voinha se foi juntamente com outras anciãs, guardiãs das florestas. E, quando as guardiãs das nossas memórias, dos nossos afetos e das nossas florestas se vão, nos tornamos ainda mais vulneráveis e o capitalismo patriarcal espalha ainda mais seus tentáculos, minando nossas esperanças de sobrevivência no planeta.
Enquanto isso não acontece, nossas vidas são vidas descartáveis. Fenômeno social denominado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe de Necropolítica, onde quem detém o poder decide quem vai viver e quem vai deixar morrer. Ao perceber que “vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de ‘mortos-vivos'”.
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