As manifestações começaram quando o presidente Iván Duque anunciou um aumento generalizado dos impostos, mas as raízes das mobilizações são mais profundas
, alguns jovens subiram no pedestal e amarraram uma corda ao redor da escultura. Incentivados pela multidão, puxaram a corda com toda a força durante cinco minutos. Nesse tempo, suas mãos ficaram dormentes ― e eles não conseguiram derrubar a estrutura de 3,2 toneladas. Na base do pedestal, contudo, acenderam um fogo que cristalizou o cimento que sustenta o monumento equestre, que ameaçava se desprender sozinho.
Desde o início, grupos de adolescentes e jovens em idade universitária, como Miguel, se reúnem dia e noite sob a estátua do militar, no norte de Bogotá. Emanuel Argüello, de 21 anos, entra no debate. “Ele [Bolívar] foi um libertador, mas com ânsia de poder, e o poder corrompe as pessoas.” Daniel Barbosa, universitário de 20 anos, é mais explícito: “Ele representa a idolatria e o caudilhismo. É preciso jogar fora tudo isso.
Tudo começou em 28 de abril deste ano. Naquele dia, as centrais de trabalhadores e as organizações estudantis fizeram uma greve empromovido pelo presidente Iván Duque para sanar as contas vermelhas do Estado. Duque tentou enviar ao mercado a mensagem de que o Governo continuava solvente. A reação foi multitudinária.
O economista Luis Fernando Medina acredita que o modelo de país está em questão. As políticas de livre mercado tão em voga na América Latina nos anos oitenta ― livre comércio, redução do tamanho do Estado, política monetária anti-inflacionária ― iniciaram o processo de construção de um Estado de bem-estar neoliberal que expandiu os serviços sociais, por exemplo.
Em sua opinião, existe a sensação de que as elites já não oferecem soluções satisfatórias para sair desta crise. “O Governo tem sido muito imprudente, e por isso é tão belicista. Sua resposta é continuar com uma retórica de guerra interna,.