Recuperando a Memória: A Obra de Ramón Lluís Bande

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O cineasta e escritor espanhol Ramón Lluís Bande dedica-se a recuperar memórias do passado, especialmente a década de 1930, através de um projeto multifacetado que engloba cinema, literatura e arquivo. Bande busca construir um discurso democrático a partir da memória, utilizando a sua trilogia de filmes e livros como uma ferramenta para destacar momentos históricos importantes da Espanha, como a Revolução do 34 em Astúrias e a história do Conselho Soberano de Astúrias durante a Guerra Civil.

Ramón Lluís Bande (Gijón, 52 anos) passou muito tempo imerso nos anos 30 do século XX, como se vivesse numa realidade paralela. A década do ascensão do fascismo, de alguma revolução fracassada, a que terminou na Guerra Civil e depois na Segunda Guerra Mundial. “Quando saio do trabalho nesta época e olho o jornal do dia vejo uma continuidade que assusta”, diz.

Assim, aquela realidade em preto e branco não é tão paralela como poderíamos pensar inicialmente, mas interseca em muitos pontos o presente. O projeto do cineasta e escritor, sempre criando um centro na periferia, é precisamente recuperar a memória, ativá-la através do cinema, da literatura e do uso do arquivo, para que não nos esqueçamos de onde viemos, nem para onde podemos ir se esquecermos. Ou já estamos a ir. O seu objetivo poderia resumirse assim: “Construir um discurso democrático a partir da memória”. O último projeto de Bande consiste em algo como uma trilogia de filmes e livros, “guion expandidos”, que podem ser lidos independentemente como ensaios, ou mesmo novelas, e que incluem, além do que se vê nos filmes, material adicional e reflexões metacinematográficas, apoiadas em numerosas citações. O filme feito livro, e algo mais que o filme. São artefactos fragmentários, onde se misturam documentação, imagem, parágrafo. “Encontrei um sítio onde me sinto muito confortável, reivindicando o parágrafo como unidade básica da escrita. Proponho algo assim como a função da memória: os parágrafos como neuronas que, dependendo da sua ligação, geram diferentes memórias”. A primeira dupla é formada pelo filme Cantares de uma revolução (2018), em que o músico Nacho Vegas investiga a Revolução do 34 em Astúrias (há alguns meses que celebrou o seu 90º aniversário) através das canções populares, e o livro Cuaderno da revolução (Pez de Plata). “Dos temas que tento recuperar, o 34 talvez seja o mais conhecido, mas desde uma perspectiva vazia, fossilizada, fitilizada”, diz o cineasta, “encontrei uma maneira de me aproximar que me interessava: através da música popular”. N naquele acontecimento, foram geradas muitas canções, escritas pelos próprios revolucionários, e esta produção musical oferecia uma perspetiva nova, juntamente com os espaços físicos que protagonizaram a revolução, o diário do líder Belarmino Tomás ou a presença dos líderes de esquerda mais recentes, ligados às bacias minerais, que herdaram aquela chama durante o franquismo. Por exemplo, as recentemente falecidas Anita Sirgo, lendária trabalhadora mineira do PCE, e Maricuela, miliciana socialista, que chegou aos 105 anos. O segundo pack consiste no ensaio cinematográfico Vaca mugindo entre ruinas (2020) e o livro Cuaderno da guerra (Pez de Plata), onde se recupera através do arquivo a história do Conselho Soberano de Astúrias, que existiu entre 24 de agosto e 21 de outubro de 1937. Uma coligação de partidos e sindicatos de esquerda que, durante a Guerra Civil, governou e defendeu uma Astúrias independente que se tinha quedado “sozinha no meio do mundo” (como diz a canção de Víctor Manuel), desconectada do resto da República. E um terceiro binómio: o cinematograma (um filme elaborado a modo de colagem com fotografias de arquivo que narram a história) Retaguardia (2024), acompanhado pelo livro Cuaderno da retaguarda (Pez de Plata), que imaginam como seria uma película propagandística do citado Conselho Soberano, a base de fotografias da época e materiais de jornais como o socialista Avance. Uma película que poderia existir, mas que nunca existiu. E que agora, de alguma forma, existe. A figura do já citado Belarmino Tomás, mineiro de porte e rosto presidenciável, primeiro secretário-geral do sindicato mineiro, depois líder revolucionário no 34, mais tarde presidente do Conselho Soberano na Guerra Civil, finalmente exilado até à sua morte em México, poderia ser um fio que une as três películas e os três livros. Uma figura de grande voltagem histórica que, contudo, não é muito recordada, nem mesmo em Astúrias. “É uma figura que está apagada. Todo esse período, e em concreto Belarmino, que poderia ser considerado o último presidente democrático antes da ditadura, foram apagados intencionalmente”, diz Bande. Por acaso, durante a guerra, o Conselho Soberano emitiu a sua própria moeda: os bilhetes foram apelidados de berlarminos, porque iam assinadas pelo presidente. A questão da memória está sempre presente na Espanha contemporânea, a questão do que se lembra e do que não se lembra e do que se preferiu esquecer. Mais agora que o Governo de Pedro Sánchez inicia uma série de eventos (Espanha em liberdade) para comemorar o 50º aniversário da morte do ditador. Tem-se dito que são actos divisivos. Como, desde esse prisma, poderia ser visto a obra de Bande. “Nesse caso, a divisão seria entre democratas e não democratas”, sentencia o espanhol.

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