O dólar à vista fechou a sessão desta segunda-feira com leve depreciação, resistindo às ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, à Colômbia e à aversão a risco global causada pelo anúncio da inteligência artificial chinesa DeepSeek. O real brasileiro se beneficiou do desmonte de posições contrárias à moeda brasileira.
O dólar à vista fechou a sessão desta segunda-feira com leve depreciação, terminando perto da estabilidade, apesar das moedas latino-americanas desvalorizando consistentemente diante das ameaças de tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump , à Colômbia. O real também resistiu à aversão a risco gerada pelo anúncio da inteligência artificial chinesa DeepSeek. Como resultado, o dólar americano registrou sua sexta queda consecutiva no mercado brasileiro.
A melhora do desempenho do real pode ser atribuída ao desmonte de posições contrárias à moeda brasileira, segundo avaliam operadores. Ao final das negociações, o dólar à vista recuou 0,10%, cotado a R$ 5,9122, após atingir a mínima de R$ 5,8997 e aproximar-se da máxima de R$ 5,9558. Já o euro comercial teve uma depreciação de 0,11%, cotado a R$ 6,2028. Por volta das 17h10, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, recuava 0,07%, para 107,365 pontos. No entanto, o dólar apresentou ganhos de 2,20% ante o peso mexicano, 0,58% ante o peso chileno e 0,48% ante o peso colombiano. O dólar abriu as negociações em alta frente ao real, mas a divisa americana oscilar entre leves altas e leves quedas ao longo da sessão. Operadores identificaram fluxos pontuais e desmonte de posições como motivos para a melhoria do real no início da sessão. A leitura do chefe da mesa de câmbio de uma grande instituição local é a de que “o Brasil não é visto como país de alto risco em relação às tarifas, nem em relação à história de tecnologia”. Nesta sessão, o dólar acumulou sua sexta queda seguida frente ao real. O gestor Thierry Larose, da suíça Vontobel Asset Management, avalia que a recuperação da moeda brasileira neste começo de ano ocorre após a forte queda no final do ano passado, em meio a um “sell-off” causado por pânico com o fluxo de saída. “Muitos investidores offshore provavelmente fecharam as suas posições longas por razões de gestão de risco. Como é típico nessas vendas, o mercado reagiu exageradamente e uma correção foi inevitável”, afirma. Olhando para o futuro, porém, Larose diz não acreditar que o real esteja tão desalinhado com os seus fundamentos, com o dólar em torno de R$ 5,90. “Uma valorização adicional é certamente possível, a depender do comportamento global do dólar americano, mas vemos mais potencial para uma queda das taxas locais de curto prazo do que uma recuperação sustentada do real.” Em uma perspectiva semelhante, o Citi anunciou hoje o encerramento de sua posição comprada em real e vendida em euro. “Ao longo deste mês, o real se beneficiou de um ambiente em que ‘nenhuma notícia é uma boa notícia’”, dizem os estrategistas Juan Paez, Ivan Riveros e Luis Costa, em nota. “No entanto, com o Congresso brasileiro retomando as atividades no dia 2 de fevereiro, acreditamos que há riscos de que o ruído fiscal volte a ser foco, com possíveis disputas decorrentes da discussão em torno da aprovação de alterações no Orçamento, bem como de uma potencial reforma ministerial”, dizem, completando terem encerrado uma posição de NDF de um mês vendida em euro e comprada em real, com ganho de 2,02%. Em um recente webinar, as estrategistas do J.P.Morgan Tania Escobedo Jacob e Gisela Brant também apontaram que o alívio do real parece principalmente um alívio técnico e cíclico. “Não vemos que o determinante mais estrutural da deterioração do ano passado tenha sido resolvido, a questão fiscal”, dizem. Se no fim do ano os investidores estrangeiros não tinham interesse pelo Brasil, agora estão demonstrando um pouco mais de disposição ao ficar expostos à moeda brasileira, ainda segundo as estrategistas. “Mas os fluxos devem ser limitados, a menos que haja uma redução significativa na volatilidade”, afirmam. Para Jacob e Brant, boas notícias no ambiente doméstico são essenciais para que o real cristalize movimentos melhores. “A visão sobre o Brasil não mudou; ainda é necessário muito trabalho na frente fiscal. Vemos um valor justo em reais de um modelo de curto prazo entre R$ 5,90 e R$ 6,00 por dólar.” Sobre o pregão de hoje especificamente, Larose, da Vontobel, diz que o clima de aversão a risco nas moedas dos mercados emergentes parece ter sido mais influenciado pela venda das ações ligadas ao setor de tecnologia, impulsionada pelas preocupações sobre o potencial surgimento de um concorrente chinês disruptivo no setor de inteligência artificial dos EUA. “Um declínio prolongado nas ações dos EUA, porém, poderia enfraquecer o dólar, dando suporte às moedas dos mercados emergentes.” Para o gestor da Vontobel, o embate entre Trump e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ontem destacou que o objetivo principal do presidente americano é fazer negociações utilizando ameaças tarifárias apenas como barganha nos acordos
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