Gravação do responsável por dar ares empresariais à quadrilha acabou ajudando a condenar outro membro da cúpula e deu início a disputa interna
, tornada pública com um empurrãozinho de um promotor de Justiça, culminou no que especialistas têm chamado de maior racha da história da facção. A conversa entre Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e um funcionário da Penitenciária Federal de Porto Velho, foi a fagulha da discórdia, segundo o Ministério Público de São Paulo.
Para o pesquisador Bruno Paes Manso, autor do livro “A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil”, o poder público tem apostado nesse racha inédito — tema deste terceiro e último capítulo da— Essa é uma das estratégias de isolamento das lideranças.
Marcola ascendeu na organização em 2002, em um momento no qual os fundadores José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, seu amigo de infância, passaram a atuar com mais autoridade e a usar a facção em proveito próprio, com métodos violentos. Ele se rebelou contra os até então aliados e, nas palavras do próprio Marcola, ambos acabaram “escorraçados do sistema penitenciário”.
Embora seja tido como mais moderado do que os fundadores, Marcola já comandava o PCC em suas maiores demonstrações de força — e de brutalidade. Em março de 2003, a facção assassinou o juiz-corregedor Antônio José Machado Dias, responsável pelo presídio de Presidente Bernardes, onde parte dos integrantes cumpria pena.
— O Gegê era um estrategista na área do comercial, foi o responsável principal pela expansão internacional do tráfico. — diz Gakiya. — Logo depois que ele sai da cadeia, faz uma espécie de auditoria nas contas e constata o óbvio: estavam todos roubando do PCC, era ladrão roubando ladrão.
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