Por que as pessoas acreditam nas próprias mentiras?
Fim do PodcastVocê não pode simplesmente perguntar a alguém se está enganando a si mesmo, uma vez que isso acontece abaixo do nível de consciência. Por isso, os experimentos muitas vezes são bastante complicados.
De alguma forma, eles haviam enganado a si próprios, pensando que sabiam as soluções dos problemas sem precisar de ajuda. Mas ainda assim eles enganaram a si próprios, achando que eram mais inteligentes do que na realidade, mesmo sabendo que perderiam dinheiro.Não é difícil observar como isso pode ser aplicado na vida real. Um cientista pode acreditar que seus resultados são reais, apesar de usar dados fraudulentos; um aluno pode acreditar que fez jus à sua vaga em uma universidade de prestígio, mesmo fraudando um exame.
Mas, nos demais testes, os consultores só foram informados sobre esta possível recompensa depois de terem tido algum tempo para ponderar os prós e os contras de cada opção. Desta vez, poucos decidiram deixar que a recompensa influenciasse sua decisão. Eles permaneceram fiéis ao seu objetivo de oferecer o melhor conselho para o cliente.
Esta forma de enganar a si próprio pode ser obviamente mais relevante para os consultores financeiros, mas Gneezy acredita que pode também ser importante para o setor de assistência médica privada. Esta hipótese foi proposta pela primeira vez décadas atrás, e um estudo recente de Peter Schwardmann, professor de economia comportamental da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, oferece fortes evidências a favor da ideia.
O conhecimento anterior de que eles teriam que convencer os demais resultou em um excesso maior de confiança nas suas capacidades, em comparação com os que não haviam sido informados. A necessidade de persuadir outras pessoas os levou a pensar que eram mais inteligentes do que na realidade.E é importante ressaltar que os experimentos demonstraram que mentir para si próprio valeu a pena.
Depois do debate, os participantes também tiveram a oportunidade de destinar pequenas quantias em dinheiro para caridade, selecionando a partir de uma longa lista de possíveis organizações. Isso significa que nós desprezamos as repercussões das nossas ações para outras pessoas, de forma que acreditamos estar geralmente agindo de acordo com a moral.