Mais de mil relatórios da Abin e do GSI ficaram sob sigilo e alertavam sobre alta da Covid-19, crise política e vacinas
Agentes de inteligência do governo Jair Bolsonaro elaboraram mais de mil relatórios sobre a pandemia, projetando aumento no número de casos e mortes no Brasil, enquanto o ex-presidente boicotava medidas de combate à Covid-19 e o acesso às vacinas.
Os relatórios ainda reconhecem falta de transparência do governo Bolsonaro na divulgação dos dados da pandemia, além de lentidão do Ministério da Saúde para definir estratégias de testagem e combate à doença. De forma geral, as estimativas feitas pela Abin se aproximaram dos dados efetivamente registrados. Em alguns casos, a alta da pandemia superou as expectativas dos agentes de inteligência.
Ao menos 18 relatórios elaborados nos primeiros meses da crise citam risco de"colapso" em diversas regiões do Brasil. Outros 12 documentos de maio de 2020 afirmam que o Brasil não havia atingido o pico da doença. A partir de janeiro, os agentes de inteligência passaram a fazer relatórios sobre a falta de oxigênio no Amazonas, além do risco de a crise se repetir em outras regiões.
O mesmo papel cita a vacinação como medida efetiva contra a Covid."Em um cenário de descontrole da pandemia no país, maior seria a chance de o vírus sofrer mutações em série e, consequentemente, afetar a eficácia das vacinas desenvolvidas", afirma o relatório que leva carimbo do GSI. Apesar dessas análises, Bolsonaro usou o Laboratório do Exército, além do corpo diplomático, para produzir e receber doações estrangeiras dos fármacos, que acabaram encalhados durante a pandemia.
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