A polonesa ganhadora do Prêmio Nobel nos dá a pá e nos estimula a cavar. O questionamento da fé, os avatares da história de seu país e a impossível imutabilidade brilham como pedras preciosas em sua obra
título mais recentemente no país da escritora conhecida porfrustrou sua promoção na Espanha e todos os planos que tinha em andamento, mas Tokarczuk encontrou nesta praga do século 21, de um mundo que se acreditava ser seguro, e não é, uma boa desculpa para frear e também refletir. “Foi um alívio renunciar às minhas viagens, estava cansada e fazia muito tempo que não vivia na minha própria casa”, conta por e-mail ao EL PAÍS.
Prawiek é um lugar qualquer da Polônia, claro. Uma Polônia católica e rural onde a busca de um modo de vida aceitável está sempre truncada pelos avatares que outros decidem: a Primeira Guerra Mundial e o serviço ao czar russo, a invasão nazista e depois a; o regime comunista e a corrupção intrínseca que alimentava entre os mais arrivistas e servis.
Mas não é só isso. Por trás de todo acontecer se vai tecendo um questionamento de Deus e da crença cega em seu poder. Esse que está em todo lugar e que quando você o tenta encontrar, não está. Esse que nos criou e ficou tão orgulhoso que nem pensou nas consequências. Esse que não nos fez o favor da imutabilidade, mas nos permitiu sofrer mutações para nossa desgraça. Esse que ele mesmo está em mutação.
Há autores fáceis que nos dão tudo mastigado. E há os mais difíceis, mais desafiadores, que nos fazem trabalhar. Tokarczuk nos entrega a pá e nos diz: cave. Procure essas joias, as lições do conservacionismo e a adaptação, da natureza, da mutabilidade, da fé e da perda de fé.
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