O som de 10 línguas indígenas brasileiras em perigo de extinção

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O som de 10 línguas indígenas brasileiras em perigo de extinção
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Conheça a diversidade de idiomas nativos no país e como soam seus falantes.

O território brasileiro abriga hoje apenas 20% das estimadas 1.175 línguas que tinha em 1500, quando chegaram os europeus.

Tanto a língua de assovios quanto os instrumentos musicais tradicionais dos ikolen imitam a língua falada | Foto: Cortesia Denny Moore "As músicas dos ikolen são baseadas em um conjunto tradicional de letras, que se referem à sua cosmogonia . Mas os missionários que atuam na região tentam impedir as cerimônias com os instrumentos, por considerá-las uma afronta à religião cristã", explica Meyer.O nheengatu é o principal descendente ainda vivo da língua indígena falada por diversos povos ao longo da costa brasileira quando os portugueses chegaram.

"O mais importante dessa retomada é a autoestima. Vejo no fundo dos olhos, no fundo do coração, como é que em muitos de nós – que sofremos muito preconceito por causa das nossas línguas – a autoestima melhorou."Mas, se a estrutura do português é direta , no nheengatu a maioria das frases tem sujeito oculto, explica o linguista."Nas línguas indígenas, em geral, o verbo é mais importante do que os pronomes.

"Essa notícia foi uma alegria imensa para os 23 povos do Rio Negro, porque finalmente a gente tem uma das nossas línguas escrita, reconhecida e sentida. Isso concretiza um desejo dos nossos pais, de nossas lideranças", diz a antropóloga Francy Fontes Baniwa.A língua do povo palikur-arukwayene, parikwaki, faz parte da grande família aruák, uma das maiores no Brasil.

Na região de Oiapoque, eles chegam a eleger, juntamente com outros povos indígenas que vivem ali, um terço da Câmara de vereadores local. Trabalham também no Fórum de Justiça, na Funai, são professores nas escolas em suas aldeias e agentes de saúde. "Há terras indígenas, especialmente mais ao sul do Estado, onde basicamente não se fala mais a língua, eles estão muito cultural e fisicamente misturados com a população não indígena", diz Fernando Orphão.

Essa assimilação, que também foi uma estratégia de sobrevivência, segundo Orphão, coloca a língua terena em perigo. "No passado, eles praticamente viviam dentro das canoas, faziam fogueira, cozinhavam, etc. Os outros povos que viviam dessa maneira agora são extintos", diz a linguista Kristina Balykova, que conduz o estudo da língua.

Guató está sendo recuperado a partir dos dois últimos falantes; entre eles, dona Eufrásia Ferreira | Foto: Cortesia Gustavo Godoy As palavras para designar os numerais têm a ver com o corpo. Quinze, por exemplo, significa, literalmente,"os dedos do pé de alguém, já incluídas as mãos". As mulheres passaram a casar-se com homens de fora da etnia e os filhos de guatós muitas vezes eram levados para fazendas como"afilhados" trabalhadores, e perdiam contato com a língua.Parte dos guató se organizou nos anos 1970 para exigir direitos. Vinte anos depois, foi criada a Terra Indígena Guató, em Mato Grosso do Sul. Outro grupo reivindica também a Terra Indígena Baía dos Guató, em Mato Grosso.

Os guató estão entusiasmados com a retomada do idioma. Kristina mantém contato com professores locais, que lhe mandam listas de frases que crianças e adultos querem saber. Os adultos pediram uma frase específica:"vamos fazer sexo?". Isso levou os fulni-ô a sair da aldeia todos os anos para um retiro espiritual secreto — realizado majoritariamente em seu idioma — chamado Ouricuri, segundo explica a linguista Januacele Francisca da Costa.

Falar sobre o ouricuri é proibido, assim como é vetado o ensino do yaathê para os que não são da comunidade. Originalmente, o yaathê só tem nomes para numerais até o três, algo comum a muitas línguas indígenas. Ao longo do tempo e por causa da convivência com não indígenas, os fulni-ô fizeram adaptações ao seu vocabulário.

"Eu posso dizer 'minha mão', em yaathê, mas não 'meu rio'. O rio é de todos, nunca de um indivíduo. Assim como a natureza em geral e os animais que, mesmo caçados, são compartilhados", diz Januacele Francisca da Costa.Ainda menos conhecidas do que as línguas indígenas faladas no Brasil são as línguas de sinais usadas pelos povos nativos.

Eles chegaram a ser descritos como um dos povos nativos mais combativos e hostis do Brasil, por sua resistência às tentativas de contato, chamadas de"pacificação". No fim dos anos 1920, os ka'apor aceitaram o contato. E, na década de 1970, tiveram seu território demarcado pela Funai, a Terra Indígena Alto Turiaçu.

Só agora, no entanto, os sinais ka'apor começam a ser melhor descritos e compreendidos. Os ka'apor falam uma língua tupi-guarani, mas sua língua de sinais não representa exatamente as palavras da língua falada. Com os animais é possível ver claramente a diferença. Se em Libras o gato é representado pelo bigode, na língua Ka'apor, é pelos olhos redondos. O cachorro, sinalizado em Libras com a imitação do focinho, é representado pelos dentes entre os indígenas., ou"fala bonita".

As mulheres também utilizam o chamado choro ritual — que não é apenas um choro, mas uma maneira de falar. Ele é uma espécie de melodia que se impõe à fala, segundo Salanova, e também exige que algumas palavras sejam modificadas. "As línguas da família jê no norte, como o mẽbêngôkre, têm um grande vocabulário desse tipo, mas isso não é conhecido em nenhuma outra língua da América do Sul."

"Há pouco bilinguismo nas aldeias. Você ainda encontra muitas pessoas acima de 40 anos que não falam português e, entre os menores de 40, muitos têm o português limitado", diz Andrés Salanova. Hoje, ela é falada principalmente pelos galibi-marworno e pelos karipuna, que vivem em Oiapoque, no Amapá. E também por alguns dosA história dessa língua começa na Guiana Francesa, a partir do contato dos franceses e dos povos do oeste africano que eles levaram, escravizados, àquela região, nos séculos 17 e 18. Como eles falavam diversas línguas diferentes, tinham que aprender o francês para se comunicarem.

"Os galibi chegam na região e aos poucos perdem sua língua. E quando os karipuna chegaram, eles já não falavam sua língua ancestral, e, sim o nheengatu, que era a língua geral da Amazônia", diz a linguista Elissandra Barros da Silva, da Universidade Federal do Amapá . A pronúncia de línguas crioulas como o kheuól costuma ser mais próxima da língua dominante. No caso, o francês. E a gramática dessas línguas costuma ser mais simples: ordem direta nas frases, palavras sem prefixos ou sufixos.

Mas esse preconceito com a língua, diz Barros, se transfere também para o povo."Se a minha língua não é língua, o meu povo também não é povo. Isso acaba sendo muito internalizado pelos indígenas." O sanöma é a terceira língua yanomami mais falada no Brasil e possui três dialetos. Os próprios indígenas a consideram a mais difícil de entender entre todos os idiomas da família.

Caçadores e coletores, os yanomami sanöma são conhecidos especialmente pelo cultivo e preparo de cerca de 15 espécies comestíveis de cogumelos da Amazônia, algumas só recentemente registradas pela ciência não indígena.

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