Número de templos evangélicos no Brasil passou de cerca de 17 mil, em 1990, para quase 110 mil, em 2019, segundo estudo
Eles eram minoria, mas podem ser maioria nos próximos anos. Nas últimas três décadas, o número de evangélicos cresceu rapidamente no Brasil, país onde a espiritualidade tem um papel preponderante na sociedade.
O estudo realizado pelo pesquisador Victor Augusto Araújo Silva, que também integra o departamento de Ciência Política da Universidade de Zurique, na Suíça, analisou esse crescimento durante cem anos, de 1920 a 2019. "O templo é fundamental para a consolidação das denominações religiosas", diz José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e professor aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE que estuda o tema.
Os dados do novo Censo sobre o perfil religioso dos brasileiros ainda não foram divulgados, mas outros levantamentos apontam que esse crescimento continuou de 2010 para cá. Da mesma forma que cresceu, nos últimos anos, o protestantismo brasileiro também se tornou mais diverso. "Em regra, as igrejas evangélicas missionárias são conhecidas como as que carregam os primeiros preceitos do movimento evangélico no Brasil. São aquelas igrejas mais diretamente ligadas às ideias e doutrinas decorrentes da interpretação do texto da Bíblia que se seguiu à reforma protestante ocorrida no século 16.
Nina Rosas, especialista em Estudos da Religião e professora da Universidade Federal de Minas Gerais , aponta que além das igrejas missionárias e pentecostais, a partir dos anos 1950, surgiram no Brasil as igrejas neopentecostais. No Brasil, o crescimento dos templos pentecostais foi acompanhado de perto pelo de missionários até o final dos anos 2000. Foi quando esse grupo começou a perder fôlego e foi ultrapassado pelas igrejas evangélicas de classificação não determinada.
"As lideranças do movimento evangélico pentecostal se comunicam com a população em geral com uma linguagem bastante simplista da Bíblia. Não valorizam muito ter uma boa hermenêutica, ou seja, ter uma leitura sócio-histórica. Com isso, as pessoas tendem a entender ou imaginam que entendem, o que parece difícil em outras igrejas. Isso também acaba por atrair pessoas mais jovens", diz a pastora.
"O segundo fator é que, no Brasil, não são as crises econômicas que puxam o crescimento de templos evangélicos, mas os ciclos de crescimento", diz Silva.
"Na Europa, se você não comprovar que é pastor, não abre templo. No Brasil, é mais fácil. Muita gente abre e somente depois vai atrás para se regularizar. Isso, infelizmente, acaba por contribuir para que algumas pessoas se aproveitem da facilidade em benefício próprio", afirma o bispo. "O Rio de Janeiro funciona como uma antecipação do que vai acontecer no Brasil. Se você quer saber como estará a questão da religiosidade no Brasil em 2040, basta olhar para o Estado hoje."
"Um padre precisa ficar no seminário meses até poder celebrar a primeira missa. Na igreja evangélica, muitas vezes, a formação dura menos de seis meses. Consequentemente, com mais pastores, fica mais fácil abrir igrejas", diz José Eustáquio Diniz Alves. "É comum o relato de pessoas que abandonaram a bebida, outros vícios, se voltaram ao cuidado do casamento e da família, se tornaram mais diligentes no trabalho e até conseguiram fazer economias ao ingressarem em uma igreja evangélica", diz Rosas.
"As igrejas evangélicas conseguiram se adaptar mais rapidamente às necessidades dessas populações periféricas e passaram a oferecer uma rede ampla de apoio às famílias de baixa renda. Os cultos passaram a integrar elementos da cultura local, o que tornou o culto mais aprazível e interessante para jovens, adolescentes e grupos marginalizados", diz o pesquisador.
"No Rio de Janeiro, por exemplo, constatamos em várias cidades por meio de uma pesquisa que onde igrejas evangélicas estão às margens de rodovias e avenidas importantes, os evangélicos já são maioria em relação aos católicos. Isso porque é mais fácil as pessoas chegarem ao templo evangélico do que a um católico", afirma Alves.
"Até 1889, a população brasileira era praticamente 100% católica, porque o catolicismo era a religião oficial do país. A gente tinha protestantes, principalmente, imigrantes que vinham morar no país, mas eram uma minoria." "A partir da segunda metade do século 20, com o crescimento do movimento evangélico, os católicos passaram a perder mais de 1% de fiéis por década, enquanto o número de evangélicos, com a abertura de templos, passou a crescer mais rápido", diz Alves.
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