O Brutalista: Um Colosso Incomodo no Ninho de Hollywood

Cinema Notícia

O Brutalista: Um Colosso Incomodo no Ninho de Hollywood
O BrutalistaBrady CorbetAdrien Brody
  • 📰 VEJA
  • ⏱ Reading Time:
  • 224 sec. here
  • 14 min. at publisher
  • 📊 Quality Score:
  • News: 124%
  • Publisher: 92%

O Brutalista, o novo filme do diretor Brady Corbet, explora a conexão entre ideologia e estética através da história de László Tóth, um arquiteto judeu sobrevivente do Holocausto que se muda para Nova York em 1947. O filme acompanha a jornada de László enquanto ele busca reconstruir sua vida e confronta seus traumas do passado através da construção de um centro cultural brutalista.

Um dos edifícios mais imponentes de Washington, capital dos Estados Unidos, o J. Edgar Hoover Building, inaugurado em 1975, foi construído especificamente para abrigar o FBI, agência de inteligência e segurança do país. Em seu primeiro mandato, Donald Trump deixou claro sua aversão à construção, com suas janelas quadradas abundantes e concreto aparente, que ocupa um quarteirão inteiro — chegou até a sugerir que fosse demolida para dar lugar a outra mais “bonita”.

“É um prédio do tipo brutalista, sabe? Honestamente, é um dos mais feios da cidade”, disse o mandatário em 2018. Seu plano não saiu do papel — por questões orçamentárias e de segurança nacional, óbvio. As obsessões delirantes de Trump já não chocavam mais o cineasta americano Brady Corbet, mas a aversão ao estilo arquitetônico chamou sua atenção. “Me fascina a ligação entre ideologia e estética. Elas não possuem conexão óbvia, mas se relacionam e raramente prestamos atenção nisso”, disse o diretor a VEJA.Essa foi a semente do filme O Brutalista (The Brutalist, Estados Unidos/Reino Unido/Canadá, 2024), que estreia nos cinemas na quinta-feira 20, com dez indicações ao Oscar. Na trama, o arquiteto judeu László Tóth, papel de Adrien Brody, deixa Budapeste, na Hungria, e chega a Nova York em 1947. Sobrevivente do Holocausto, ele vai para os Estados Unidos com o anseio de deixar os horrores da Segunda Guerra Mundial para trás e com a crença no tal sonho americano de viver em um país livre, tolerante e próspero. As adversidades, porém, se revelam maiores do que as oportunidades — mesmo quando um ricaço, vivido por Guy Pearce, o contrata para desenhar um enorme centro cultural, que será, como sugere o título do filme, de contornos brutalistas. Nome forte na corrida pelo Oscar de direção — e o mais jovem entre os indicados na categoria em 2025, com 36 anos —, Corbet acha irônico que Trump esteja de volta ao poder quando seu filme, enfim, chega aos cinemas. Na sua visão, a antipatia do presidente ao brutalismo está em consonância também com sua caça aos imigrantes ilegais. O paralelo é metafórico, mas faz sentido. O estilo arquitetônico austero proliferou especialmente em prédios públicos pelo mundo na segunda metade do século XX, quando os recursos ficaram escassos na economia abalada pelo pós-guerra. Contraditório, o brutalismo é, ao mesmo tempo, grandioso e modesto. É também resistente e funcional, mas com pontos que aparentam vulnerabilidade. Em São Paulo, o Masp, de Lina Bo Bardi, é um belíssimo exemplo inspirado no estilo: um enorme bloco de concreto sustentado apenas por quatro colunas laterais. Ou seja, as construções brutalistas são um exercício de força e resiliência — características que espelham a dura experiência dos imigrantes: capazes de atravessar distâncias e vencer desafios, muitos enfrentam obstáculos fatais e, no destino final, ainda encaram os reveses do preconceito. São vulneráveis e marginalizados, mas seguem de pé. A trajetória é a mesma de László. Livremente inspirado no arquiteto e designer de móveis húngaro Marcel Breuer (1902-1981), o personagem representa os milhares de judeus que buscaram abrigo nos Estados Unidos durante a guerra. É essa também a história por trás de vários envolvidos no filme. Corbet é descendente de irlandeses e húngaros e possui ascendência judaica por parte da mãe. Adrien Brody, um favorito ao Oscar de melhor ator, é filho de refugiados judeus húngaros nos Estados Unidos e cresceu no Queens, bairro nova-iorquino de ampla diversidade étnica. “Transformar um novo país em um lar e reconstruir sua vida é uma experiência que vi de perto”, disse a VEJA o ator americano, que ganhou um Oscar ao interpretar, aliás, outro sobrevivente da perseguição nazista no clássico O Pianista (2002). O processo criativo de László expia dores do passado e angústias do presente, fazendo do prédio uma manifestação de seus traumas. A relação tóxica com Lee Van Buren, o magnata que o acolhe, é de altos e baixos: influente, ele ajuda a reunir o arquiteto e sua esposa, Erzsébet (Felicity Jones), separados no campo de concentração. Van Buren, porém, inveja o talento do empregado e o trata como posse. Com 3 horas e 34 minutos de duração — incluindo nesse tempo quinze minutos de intervalo —, O Brutalista é um drama histórico inteligente, duro e que demanda atenção. Não à toa, divide opiniões — o que foi acentuado com a revelação do uso de inteligência artificial para amenizar o sotaque do casal protagonista nas falas em húngaro. Mesmo não sendo um consenso, O Brutalista é um colosso. Feito com apenas 10 milhões de dólares — um troco se ponderados a magnitude do filme e os orçamentos de concorrentes (Duna: Parte 2 custou 190 milhões) —, o longa independente se mostra igual à corrente arquitetônica que homenageia: trata-se de uma obra sobre a qual é impossível ficar indiferente. Como o talentoso László, O Brutalista é um notável e incômodo estranho no ninho de Hollywoo

Resumimos esta notícia para que você possa lê-la rapidamente. Se você se interessou pela notícia, pode ler o texto completo aqui. Consulte Mais informação:

VEJA /  🏆 5. in BR

O Brutalista Brady Corbet Adrien Brody Oscar Arquitetura Brutalistica Holocausto Imigração Trump Nova York

Brasil Últimas Notícias, Brasil Manchetes

Similar News:Você também pode ler notícias semelhantes a esta que coletamos de outras fontes de notícias.

Diretor de “O Brutalista” defende filme após polêmica com IADiretor de “O Brutalista” defende filme após polêmica com IAEditor do longa, Dávid Jancsó, contou como os cineastas usaram ferramentas da empresa ucraniana Respeecher para ajustar o diálogo em húngaro dos dois astros da produção cotada para o Oscar
Consulte Mais informação »

Oscar 2025: conheça “O Brutalista”, que concorre a Melhor FilmeOscar 2025: conheça “O Brutalista”, que concorre a Melhor FilmeLonga com direção de Brady Cobert disputa contra 'Ainda Estou Aqui' na principal categoria da premiação internacional
Consulte Mais informação »

Ferramenta de IA gera polêmica em Hollywood após uso em 'O brutalista'Ferramenta de IA gera polêmica em Hollywood após uso em 'O brutalista'O uso de IA na produção cinematográfica, através da ferramenta Respeecher, tem gerado debate sobre ética, impacto nos atores e regulamentação. O caso do filme 'O brutalista', que utilizou a tecnologia para aprimorar o sotaque húngaro dos atores, resultou em críticas e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas avalia novos requisitos para indicações ao Oscar, incluindo a obrigatoriedade de informar o uso de IA.
Consulte Mais informação »

TRT-SP: Atraso no pagamento de salário não gera danos moraisTRT-SP: Atraso no pagamento de salário não gera danos morais'Não é qualquer incômodo, contrariedade ou adversidade na vida que implica tal dano', disse a juíza
Consulte Mais informação »

Corinthians divulga primeira foto de Garro após prisão na Argentina; vejaCorinthians divulga primeira foto de Garro após prisão na Argentina; vejaNo início da pré-temporada, o Timão divulgou um incômodo sentido pelo meio-campista
Consulte Mais informação »

A Posse Presidencial: Ritos de Passagem Entre a Promessa e o IncômodoA Posse Presidencial: Ritos de Passagem Entre a Promessa e o IncômodoUm estudo comparativo entre as cerimónias de posse nos Estados Unidos e no Brasil revela diferenças significativas nos rituais que marcam a transição de poder. Enquanto os EUA enfatizam a solemnidade religiosa através do juramento na Bíblia, o Brasil foca na apropriação física do cargo através da faixa presidencial. A fragilidade desses rituais frente ao imprevisível é exemplificada pelo mandato de Donald Trump, que desafiou expectativas e colocou em questão a confiabilidade das promessas políticas.
Consulte Mais informação »



Render Time: 2025-02-19 10:44:25