Médicos que trabalharam para Hapvida, uma das maiores operadoras de saúde do Brasil, denunciam pressão para prescrever cloroquina, principalmente após a rede comprar milhares de unidades: 'Queriam que entregasse para qualquer caso de síndrome gripal'.
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Em outra mensagem, o mesmo coordenador afirma que os médicos que não concordarem com a prescrição da hidroxicloroquina podem ser substituídos nos plantões da Hapvida. "Eu não queria prescrever hidroxicloroquina a pacientes com a covid-19 porque não é um medicamento aconselhado por entidades de saúde", conta o médico Mauro*, que relata ter sido dispensado pela Hapvida por não concordar com o uso do remédio contra o coronavírus.
Em abril, a Hapvida comercializou a hidroxicloroquina por R$ 18, a preço de custo, para os pacientes. "Mas a pressão maior é para a prescrição da hidroxicloroquina. Queriam nos obrigar a prescrever", afirma Mauro.Operadora de saúde divulga tratamento com a hidroxicloroquina a pacientes e afirma ter bons resultados. Na imagem, mensagem que consta em um hospital da Hapvida no Ceará.
Em todo o mundo, há pesquisas com diferentes drogas que podem ter bom desempenho contra a covid-19. No entanto, não há, ao menos por ora, nenhum remédio com comprovação científica contra o coronavírus. Os médicos ouvidos pela reportagem contam que a cobrança da Hapvida para prescrever o remédio começou no início de maio.
Em nota à BBC News Brasil, a Hapvida argumenta que adquiriu os comprimidos em razão da escassez dos medicamentos nas farmácias e que distribui os remédios aos pacientes como"forma de afiançar o acesso ao tratamento". A mesma pressão também foi relatada em Fortaleza. O médico Felipe Nobre, de 26 anos, conta ter sido frequentemente questionado sobre a prescrição do medicamento para pacientes com a covid-19.
"Quem não estiver de acordo com as orientações, peço que me avise e agendaremos reunião para tratar caso a caso. Até a data a reunião, se não se sentirem à vontade, nos avisem que arrumaremos substitutos aos seus plantões", escreveu o coordenador, no mês passado, em grupos de médicos que atuam na operadora de saúde na região de Ribeirão Preto.
O médico Jorge* começaria a dar plantões no Grupo São Francisco, da Hapvida no interior de São Paulo, quando recebeu as mensagens da coordenação sobre a hidroxicloroquina."Era uma cobrança por prescrição sem embasamento. Eles se baseiam em estudos observacionais, que na prática científica não tem valor de prova", relata.
Jorge e Mauro decidiram não denunciar a cobrança da empresa."É um grupo muito forte. É muito difícil que aconteça algo", argumenta Mauro. Os dois médicos pediram que tivessem as identidades preservadas na reportagem, por temerem represálias. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo confirma que recebeu denúncias sobre hospitais e planos de saúde que estariam obrigando os médicos a adotarem determinado medicamento contra a covid-19. A instituição, porém, não revelou as empresas que são investigadas, pois argumentou que as apurações"tramitam sob sigilo determinado por lei".
A operadora nega que tenha deixado de acompanhar pacientes que recebem o medicamento para tomar em casa. A empresa afirma, inclusive, que tem observado bons resultados entre os clientes com a covid-19 que tomaram hidroxicloroquina. Felipe procurou o Conselho Regional de Medicina do Ceará e relatou o caso. A reportagem tentou contato com a entidade, mas não obteve resposta.
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