Governo Lula está 'meio medroso', e MST vai aumentar pressão, diz Stedile
Cinco anos antes de o MST ser fundado, em 1984, João Pedro Stedile já participava de invasões de terra —que ele define como ocupação— em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Ele tinha 25 anos.
"Vamos tentar fazer do limão uma limonada", diz."Vamos utilizar aquele palco para denunciar as invasões das terras indígenas, o trabalho escravo, as invasões de terras quilombolas, o uso abusivo dos agrotóxicos." Mas de consequência real ela não terá nada, porque nós não cometemos crime nenhum, não há fato [para ser investigado].
Mas vocês tentaram evitar a CPI, visitando inclusive o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira , para tentar convencê-lo. Nós não queríamos a CPI, em primeiro lugar, porque ela consome muita energia. O senhor acha mesmo que não? Não. Houve uma motivação ideológica do [deputado federal] Ricardo Salles [do PL de SP e cotado para ser relator da comissão]. Ele tem ódio ideológico do MST, desde o tempo em que era secretário do Meio Ambiente aqui em São Paulo.
São 80 mil famílias acampadas que agora veem uma possibilidade de resolver os seus problemas, já que o próprio Lula se comprometeu durante a campanha [a fazer a reforma agrária].Eles dizem que há pesquisas sendo desenvolvidas no local. Tem pesquisa porra nenhuma. E na Embrapa há de tudo também. Tem pesquisador sério, tem picareta, e tem também gente de direita.
Mas o ministro da Agricultura confundiu invasão com ocupação. Quem invade terra pública são os fazendeiros. Agora, o que nós criticamos e voltamos a criticar? Que o governo está muito lento. Já perdeu muito tempo. [Em segundo lugar] Pela forma como nós ganhamos as eleições [presidenciais, em que Lula venceu Jair Bolsonaro], que foi muito tensionada.Parece que não estavam acostumados com isso.
Mas isso não faz parte de um contexto maior do Brasil, com mudanças radicais nas relações trabalhistas, terceirizações, trabalho precarizado e sindicatos que perderam verbas? Foram seis anos de derrotas políticas, com o governo de Michel Temer, a prisão de Lula e a eleição de Jair Bolsonaro. Um governo como o de Lula é o ideal para sofrer essa pressão, até por ser mais permeável a ela? A natureza do governo não influi tanto na luta de classes —a não ser quando é um governo fascista como o de Bolsonaro.Nós vamos pressionar. Mas vamos defender o governo Lula.
Às vezes a gente pensa que os pobres são idiotas, que não têm ideias, que os trabalhadores não têm nenhuma força.Seria uma estupidez irmos atrás de dinheiro para pagar uma ocupação, porque ela já nasceria morta. Pontualmente, temos parcerias muito frutíferas em todos os estados com setores empresariais, sobretudo na área de produção. Ou com aqueles progressistas, que têm simpatia pelo que fazemos. Muitos contribuem com nossa cozinha solidária.
Eu até me surpreendi com as boas iniciativas do Haddad. Qualquer um de nós lá no lugar dele teria feito até pior. Nós teríamos que chegar à taxa de juros internacional e fazer um grande programa de reindustrialização no Brasil, para reativar a economia, gerar emprego e distribuir renda.Não é um problema de gasto social, é um problema da estrutura econômica deste país, que está em uma grave crise.
Foi isso que eles fizeram na Amazônia, e levaram a essa mudança climática que está afetando todo o planeta. O governo está muito lento. Já perdeu muito tempo. Em cem dias, já deveria ter adotado um programa de emergência de combate à fome, com a compra de alimentos Quais seriam os outros dois modelos? O segundo é o do agronegócio, cantado em verso e prosa como moderno só porque adota tecnologias avançadas.
O terceiro modelo é o da agricultura familiar, que produz alimentos para o povo brasileiro em pequenas unidades.É discutirmos que modelo a sociedade brasileira vai adotar para resolver seus problemas de mudanças climáticas e de alimentos saudáveis.
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