Analistas avaliam como eventuais vitórias de Javier Milei ou Sergio Massa em 19 de novembro poderão afetar as relações entre os países, a economia e a geopolítica da região.
Segundo turno das eleições argentinas é no dia 19 de novembro e analistas avaliam prós e contras em caso de vitória de Sergio Massa ou Javier Milei, candidato do tradicional grupo peronista de centro-esquerda e que foi o mais votado no primeiro turno - causando surpresa - com 36,68% dos votos., que ficou conhecido por propostas polêmicas como extinguir o Banco Central e dolarizar a economia argentina.
Em 2022, por exemplo, o Brasil exportou US$ 15,3 bilhões em produtos. Isso é o equivalente a 4,5% de todas as exportações brasileiras. De acordo com os dados mais recentes, divulgados em setembro deste ano pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos , vinculado ao governo argentino, 40% da população do país vive em situação de pobreza.Nesse cenário, parte importante do debate em torno das eleições se travou no campo econômico. Os dois candidatos prometem recuperar a economia argentina, mas usando caminhos diferentes.
O economista, que teve passagens pela iniciativa privada, ficou famoso nos últimos anos ao defender propostas para resolver a crise econômica do país consideradas "extremas" por analistas. Ele também prometeu que, caso vencesse as eleições, não "faria negócios" com a China ou outros países "comunistas".Perdas e ganhos com 'anarcocapitalista' na presidência
Os analistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que é importante não levar ao pé da letra algumas das declarações de Milei e que ele, na presidência, se veria obrigado a adotar alguma dose de pragmatismo. A tese é de que se o receituário de Milei der certo e a Argentina superar a crise econômica, isso poderá ter efeitos positivos na economia brasileira, já que o Brasil é um grande exportador de produtos para o país.
"Se houvesse a dolarização, teríamos só uma cotação e isso facilitaria tremendamente a relação comercial entre os países", disse Federico Servideo. Para o professor de Política da América Latina na Universidade de Buenos Aires Ariel Goldstein, a incorporação da Argentina aos Brics é uma parte central da estratégia do presidente brasileiro para a sua liderança na América do Sul e na América Latina, e, por isso, "Lula também está tão preocupado pelas eleições na Argentina".
"Minha principal preocupação é que esse desalinhamento ideológico prejudique o relacionamento comercial e que, inclusive, possa vir a prejudicar a convalidação do acordo entre Mercosul e União Europeia e isso pode vir a acontecer", disse Federico Servideo.Peronista no governo e perspectivas para o Brasil
"Esse apoio institucional e político claramente vai permitir um fluxo maior de comércio entre os dois países porque, de alguma forma, o governo do presidente Lula tenderá, obviamente dentro dos limites apropriados, a favorecer a Argentina e dará um certo grau de prioridade a essa relação", disse Servideo.
No campo político, Federico Servideo diz que Mass poderá retribuir "o apoio direto e indireto que o presidente Lula tem dado à sua candidatura". "E esse agradecimento, imagino, vai se manifestar numa relação cordial ao apoiar o presidente Lula nas suas iniciativas estratégicas e geopolíticas." "Massa representa a continuidade do peronismo. Isso significa a manutenção de um governo e de uma visão econômica que tem sido a principal causa de todo esse quadro de colapso da economia argentina Isso é um risco para a economia brasileira, considerando que a Argentina ainda é um parceiro econômico importante, mesmo que tenha perdido relevância ao longo dos últimos anos", disse Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.
"Ele é uma pessoa que diz que é representante dos interesses dos Estados Unidos na Argentina. Isso pode levar a uma tensão dentro da própria estrutura do peronismo, entre aqueles que defendem a incorporação do país aos Brics e aqueles que estão mais alinhados com os Estados Unidos", disse Goldstein.
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