Colunista escreve sobre suas andanças em Paris, 'sob um sol tropical', e o encontro com uma obra de Edgar Morin numa livraria da capital francesa.
“sob um sol tropical”“Capturo por poucos euros o instante exato em que Monet entra no seu ateliê e, pouco diante, deparo com o meu Tirésias. Ele é Edgar Morin. Profissão: pensador. Fará 101 anos em julho. Quando fez 90 anos, encomendaram-lhe um livro sobre as figuras que nutriram a sua vida e a sua obra. Ele escreveu Mes Philosophes . Quantos homens poderiam usar o possessivo de modo tão despudorado, sem parecer cabotino? Edgar Morin é um deles.
Há Buda. Há Jesus. Há Rousseau. Há Hegel. Há Marx. Há Freud. Há Heráclito e as contradições inerentes à existência: entre o desespero e a esperança, entre a dúvida e a fé, entre a razão e o misticismo. ‘Bem e Mal formam um todo’, ‘O caminho para cima e o caminho para baixo são os mesmos’, ‘Acordados, eles dormem’. E, especialmente: ‘Sem a esperança, você não encontrará o inesperado’.