Pesquisa analisou PIB de mais de 160 países entre 1960 e 2018 e concluiu que aqueles com regime político 'intermediário' entre democracia e autoritarismo têm pior desempenho no longo prazo.
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No período mais recente, os estudos de maior destaque nesta área foram os dos economistas Daron Acemoglu e James Robinson — este último, coautor de Campos em alguns trabalhos conjuntos. Por exemplo, em termos eleitorais, explica o pesquisador, enquanto nas autocracias não há eleições e nas democracias plenas há eleições frequentes, justas e livres, nos regimes intermediários, uma dessas características é deficiente ou inexistente.
Para além do estudo de Acemoglu, cuja análise vai até o ano de 2010, pouco depois da crise global iniciada em 2008, Campos, Coricelli e Frigerio estudaram dados até 2018, para mais de 160 países. , por exemplo, analisou imagens de satélite para 84 países emergentes ou em desenvolvimento. Os autores, Robert Beyer, Yingyao Hu e Jiaxiong Yao, concluíram que um aumento de 1% do PIB resulta em uma variação de 1,55% das luzes.Exemplo de uso de luzes noturnas para medir atividade econômica em estudo do FMI
"Na democracia, não há revolução, mudanças abruptas de gabinete, os presidentes raramente são assassinados e há um ciclo político constante. A cada quatro ou cinco anos, tem uma eleição, o poder muda, todo mundo aceita, ninguém questiona as urnas. Isso dá uma certeza muito grande e facilita o investimento, com óbvias implicações em termos de produtividade", diz Campos.
Para o pesquisador, um exemplo típico disso é a Rússia, mas o número de regimes intermediários tem crescido, principalmente desde a crise financeira de 2008. Além de países como Polônia e Hungria, Campos inclui nesse grupo os Estados Unidos sob Donald Trump, o Reino Unido pós-Brexit e o Brasil atual, todos considerados por ele regimes populistas e intermediários.