As inundações recentes que atingiram São Paulo se tornaram uma crise política para o prefeito Ricardo Nunes. O tema dominou as discussões na Câmara Municipal, onde o pedido de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) foi protocolado pela oposição. O bairro Jardim Pantanal, duramente afetado pelas inundações, se tornou um símbolo do problema e do desgaste político enfrentado por Nunes.
As inundações recentes que afetaram a cidade de São Paulo transformaram-se numa crise política para o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), no início do seu novo mandato. O tema marcou a volta dos trabalhos no Legislativo e motivou um pedido de comissão parlamentar de inquérito ( CPI ) protocolado pela oposição. Ainda sem articular sua base de apoio na Câmara Municipal, Nunes viu suas ações serem questionadas até por aliados.
O bairro Jardim Pantanal, no extremo leste, que passou pelo menos uma semana debaixo d'água, tornou-se um símbolo do problema das enchentes e do desgaste político enfrentado pelo prefeito. Em visitas à região, Nunes e o vice-prefeito, Dr. Fernando Haddad (PL), foram vaiados e hostilizados por moradores. O protesto de famílias contra o problema na quarta-feira (5), no sexto dia seguido de inundação, foi reprimido pela polícia com balas de borracha e bombas de efeito moral, revoltando quem vive no local. A proposta defendida por Nunes para o bairro é a de retirar os moradores e pagar uma indenização entre R$ 20 mil e R$ 50 mil. Essa medida tem custo estimado em R$ 2 bilhões - o dobro do que outras medidas estudadas pela prefeitura, e com maior desgaste para as famílias. A gestão Nunes avalia outras duas possibilidades, com obras de infraestrutura - a construção de sete reservatórios e a abertura de um canal - com custo de R$ 1 bilhão cada uma. A retirada de ao menos 36 mil famílias, das 45 mil que moram no local, gerou questionamentos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fiador da reeleição de Nunes. Depois de reunir-se com o aliado para avaliar ações para o local, Tarcísio disse que “não dá para adotar solução simplista” e defendeu mais estudos. O descompasso foi um raro momento de ruído na relação entre os dois, que se aprofundou desde a campanha. (MDB) buscou destacar a presença de Nunes na região, mas reclamou da falta de ações da prefeitura. “Tenho ouvido alguns colegas falarem da ausência do poder público no Jardim Pantanal. Concordo com a ausência do poder público, mas é uma ausência de décadas”, disse na sessão de quinta-feira (6). (PT) lembrou que as inundações no Jardim Pantanal são um problema histórico, que requer ações coordenadas dos governos, e cobrou urgência da prefeitura. “As famílias estão desesperadas. Não dá para achar que pode tratar a população a tiro, porrada e bomba. Repudiamos esse tipo de violência”, disse no plenário. (Psol) criticou a proposta de retirar os moradores e cobrou a realização de audiência pública. “A preferência do prefeito é pelo projeto mais custoso e que deixa a população descontente. Vão receber no máximo R$ 50 mil”. O vereador reclamou também da retirada de árvores pela prefeitura para fazer obras. “As mudanças climáticas e a impermeabilização do solo são algo gritante”. (PT) protocolou um pedido de CPI para apurar as causas e buscar soluções para os alagamentos no Jardim Pantanal e região. (Rede) articulam a formação de uma frente parlamentar para aprofundar estudos sobre as mudanças climáticas e suas consequências. Nos bastidores, a oposição tem comemorado o fato de ter saído mais robusta da eleição passada, com os partidos PT, Psol, Rede, PV e PSB somando 18 vereadores - um a menos do que o mínimo para propor CPI. (MDB), primeiro vice-presidente da Câmara. “O clima está desregulado, e a prefeitura não dá conta de resolver tudo de uma vez. Nos primeiros dias de fevereiro, choveu o esperado para o mês todo”, disse. “O prefeito investiu R$ 7,6 bilhões em obras de combate a enchentes. Imagina como seria se não tivesse investido isso”, afirmou à reportagem. Questionado sobre o tímido apoio dos vereadores a Nunes, Jorge disse que a base ainda está se ajustando. Sobre a ofensiva dos adversários, Nunes disse que tem reagido à exploração do tema pela oposição trabalhando para resolver o problema e negou que se trate de uma crise para o governo. “Eles falando e eu, trabalhando”, afirmou na sexta-feira (7). “Trabalhamos sábado, domingo. Tem gente que foi aparecer lá na quarta-feira para fazer vídeo e política.” Se sua ideia de remover as famílias será executada e que avalia alternativas. 'O que os técnicos definirem que é melhor, a gente vai fazer. O importante é que não deixaremos de fazer, nós faremos', declarou o prefeito. Nunes citou o exemplo da comunidade do Caboré, também na zona leste, onde, segundo ele, foram removidas 610 famílias. “Era muito pior que o Pantanal”, disse, mencionando a transferência dos moradores para habitações sociais e ações de reurbanização
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