Terra não demarcada do povo mura tem reservas do mineral usado como fertilizante; MPF pede inclusão de vítimas em programa de proteção
"Falaram para o meu vice-tuxaua que vão dar um tiro na minha cara. Tem noite que eu nem durmo." É assim que o tuxaua Sérgio Freitas do Nascimento Mura, 42, do município de Autazes, no Amazonas, descreve as ameaças de morte que passou a receber recentemente, assim como outras lideranças das aldeias Soares e Urucurituba.
No dia 16 de abril, quatro homens encapuzados e armados com fuzis ameaçaram uma aldeia do povo kanamari, no Vale do Javari. O caso foi registrado na delegacia de Atalaia do Norte. No auditório do MPF, além da imprensa, estavam vereadores e moradores da cidade —parte deles contrários à demarcação da terra indígena.
O tuxaua da aldeia Urucurituba, Salvador Mura, 51, também recebeu recados de fazendeiros."Mandaram dizer que eu vou ser o próximo a sair da aldeia", conta. Um dos primeiros tuxauas da aldeia Soares, José Jair dos Santos Mura, 84, sofreu pressão para deixar a terra e cedeu. Segundo Jair, foi dito que o terreno seria desapropriado. Ele perdeu a roça e o contato mais próximo com seus parentes na comunidade.
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