Conheça Mateus e Cristiano, autores de jingle bolsonarista, e Juliano Maderada, criador de faixa lulista g1 eleições SegundoTurno
À esquerda, Juliano Maderada, autor de 'jingles de paredão' para Lula. À direita, Mateus e Cristiano, criadores de jingle que mistura gospel e sertanejo para Bolsonaro — Foto: Divulgação
A trajetória de Juliano Maderada foi alterada por dois fatos históricos: a pandemia de coronavírus em 2020 e a decisão do STF que tornou Lula elegível de novo, em 2021. Sem o trabalho com shows, ele teve a ideia de fazer músicas e postar vídeos de apoio o ex-presidente. Ao som de pisadinha, arrochadeira, lambadão e outros ritmos nordestinos atuais, ele repete versos provocativos como em "Chega de ovo, é Lula de novo", "Vai levar peia", "Forrozão arruma mala", "É taca taca que vão levar", "Vai ser lapada" e "Lambadão do 13" .
"Depois que começou a campanha de corpo a corpo, a música migrou para a rua. Agora esse estilo ganhou o carro de som, o som automotivo , e virou essa outra forma de manifestação, uma micareta na rua. Ganhou uma identidade nova", ele descreve. A essa altura, as tentativas de contato de Juliano com o PT também já tinham dado resultado. "O primeiro contato que consegui foi através do Paulo Pimenta, deputado federal do Rio Grande do Sul. Ele me passou para o Ricardo Stuckert, que é muito sensível a essas questões."
O canal de Juliano já tem mais de 42 milhões de visualizações, além de vídeos de outros canais que usam sua obra, o que gera uma remuneração do YouTube. Ele diz que, no último mês, a renda do YouTube foi de R$ 23 mil. No Spotify, ele ganhou menos em setembro: R$ 5 mil. Claro que o retorno financeiro é bem-vindo para o músico, casado e com dois filhos. Mas ele nem sabe o que vai ser da carreira musical depois da eleição. "O foco é eleger o Lula. Eu nunca pensei em fazer sucesso, nesse retorno artístico ou financeiro, não tô preocupado se vou sair famoso depois disso", diz.
Revigorados pelo hit cristão, fizeram uma mistura de gospel e sertanejo um "gospelnejo", quando foram chamados apresentar uma música para a campanha de Jair Bolsonaro. "Capitão do povo" foi escolhida como jingle e entrou em alta rotação dentro e fora do horário político. Eles ganharam o quadro, mas com a visibilidade, veio uma notificação judicial. "Já existia uma dupla de Presidente Prudente chamada Lucas e Mateus. Quando a gente apareceu no Faustão, eles acionaram o advogado", conta Mateus.
"Não entendemos o mercado, foi bem complicado. Nós estamos começando a entender agora depois de velhos, né?", brinca o cantor. Nesse clima reanimado, veio a proposta de fazer uma música para Bolsonaro. "O pedido veio através do publicitário da campanha que a gente conheceu na casa da Hebe Camargo, o Sérgio Lima. A gente era amigo do sobrinho da Hebe, o Claudinho, que infelizmente morreu de Covid", conta Cristiano.
Mesmo assim, enquanto faziam o novo DVD, mostraram 'Capitão do povo' ao produtor e decidiram gravar em estúdio. "Eu falei: 'A única coisa que a gente quer é as guitarras com uma pegada dos anos 90. E aí ficou muito com a cara com as coisas que o Zezé cantava". diz Mateus. Eles não fizeram outros jingles. Agora, a dupla não está focada na política, mas no projeto do novo DVD ao vivo. Eles também vão lançar um EP com músicas religiosas, aproveitando o potencial que descobriram na interseção entre o gospel e o sertanejo.
A letra também causou polêmica pelo verso “vai voltar com a x... ardendo”. O MC negou que fosse um incentivo à violência contra a mulher. “No funk digo que ‘ela veio quente’. A gente está no clima, ela quer”, disse, defendendo o consentimento da personagem da letra. O músico também critica Paulo Freire e exalta Olavo de Carvalho: "Essa juventude só se degenera / Pega o Paulo Freire e manda pra estratosfera / Um Brasil pra frente é o que o povo espera / Vamo distribuir livro do Olavo pra galera".
Um dos vídeos postados por MC Reaça com a música foi removido do YouTube por violar a política contra discurso de ódio no site. Há outra versão, postada por um canal não oficial, que tem 2,5 milhões de visualizações. O g1 procurou MC João para falar sobre a faixa, e ele disse que essa versão remix não teve o lançamento autorizado por ele, como autor original. Ele disse que iria procurar a gravadora para resolver a situação. Ele não quis comentar o uso político da sua música.Em 2017 "Vai dar PT" mudou a vida de Lucas Rafael Santos Lima, o MC Rahell.
Ele trabalhava como garçom no Rancho do Boi do Belvedere, bairro de classe alta na Zona Sul de Belo Horizonte. O sonho dele era cantar no Chalezinho, boate famosa entre o público jovem e rico da capital mineira. Por isso o sucesso se espalhou com duas bases até hoje: no YouTube ficou a primeira versão. No Spotify e outras plataformas de streaming, ficou a produção refeita pelo MC Fioti - com estilo bem semelhante ao do megahit "Bum bum tam tam", lançada só duas semanas depois.
A demanda por shows foi tão grande na época que o jogo virou: ele teve que recusar uma data proposta pela sonhada boate Chalezinho. Ele foi bem mais longe: fez shows em Portugal, Reino Unido, França, Alemanha e Japão.