Montadora italiana colaborou com órgãos de repressão e usou proximidade com regime para implantar fábrica em Betim
A Fiat Automóveis S.A. consolidou-se no mercado automobilístico brasileiro nos anos 1980 recebendo benefícios financeiros e isenções fiscais sem precedentes da ditadura militar. Em contrapartida, ela abriu as portas para a espionagem, violação a direitos civis e repressão política no período mais agudo dos anos de chumbo.
Foi através das informações de Tavares que a equipe de Fleury prendeu e matou o jornalista Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, sucessor de Carlos Marighella no comando da ALN, numa emboscada executada em 23 de outubro de 1970 em Indianópolis, zona sul de São Paulo. Reportagem da revista Exame, de 14 de outubro de 2010, anexada à pesquisa, noticia que Tavares tinha assumido o cargo de diretor financeiro de operações internacionais da Fiat mundial, na Itália. A matéria informa ainda que, desde 1983, ele ocupava o cargo de diretor administrativo e financeiro da Fiat Automóveis América Latina.
A pesquisa da Caaf/Unifesp mostra que relatórios com nomes de empregados eram enviados para averiguação ao Departamento de Ordem Política e Social e à Coordenação-Geral de Segurança Pública , órgãos do governo mineiro controlados diretamente pela ditadura. O coronel responsável pela segurança da Fiat também era demandado pela polícia política.
Os brindes eram parte dos preparativos para a visita do presidente da montadora ao Brasil, Giovanni Agnelli, em março de 1973, para fechar o acordo sobre a construção da fábrica em Betim. Ele foi recebido pelo então ministro das Minas e Energia Pratini de Moraes. Os pesquisadores afirmam que a Fiat tinha por hábito ameaçar seus empregados, especialmente os que tinham proximidade com dirigentes sindicais ou simplesmente conheciam a rotina sindical. Havia um estímulo às delações. Até infrações corriqueiras, como condutas não admitidas no ambiente de trabalho, eram usadas para pressionar.
O clima de terror imposto pela polícia contribuiu, segundo anotado no relatório dos pesquisadores, para uma tragédia ocorrida no movimento grevista de 1979: a morte, por atropelamento, do operário Guido Leão dos Santos, em 27 de setembro daquele ano. A terceirização reduziu salários e precarizou as relações de trabalho.
O restante dos recursos seria captado de outros cotistas. Em 1977, para garantir sua parte na parceria e fazer avançar o empreendimento, a Fiat captaria um empréstimo de US$ 165 milhões de um pool de bancos europeus, do qual o governo mineiro seria o avalista. Em 1975, Aureliano sucedeu Rondon Pacheco — ambos eram nomeados pela ditadura numa época em que nem eleição para presidente e governador era permitida — no governo de Minas e é considerado, mantendo ou ampliando os privilégios, o responsável pela implantação da Fiat no estado.
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