As festas pagãs das antigas civilizações foram incorporadas pelo catolicismo e deram origem às festas juninas, que no Brasil acabariam sendo reinventadas com um sotaque próprio.
Para um brasileiro, pode ser difícil entender como as estações do ano são capazes de influenciar o imaginário e a própria organização da
Autora do livro Festas Juninas: Origens, Tradições e História, a socióloga Lucia Helena Vitalli Rangel, professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo , explica que a origem das festas juninas está nos "rituais de fertilidade agrícola" de diversos povos — da Europa, do Oriente Médio e do norte da África.
O primeiro dos santos juninos é Antônio , frade franciscano de origem portuguesa que ficou conhecido pelo que fez na Itália no início do século 13. Com fama de milagreiro, foi canonizado pela Igreja onze meses depois de sua morte — trata-se de um recorde até hoje não superado na história do catolicismo.
Por fim, o mês de junho ainda tem a data do martírio de São Pedro e São Paulo , dois dos pioneiros do cristianismo. Pedro foi um dos 12 apóstolos de Jesus e acabou depois considerado o primeiro papa do catolicismo. Com os rituais de primavera e verão, não foi diferente. "Várias dessas festividades foram adaptadas", conclui Ikeda. "Aos poucos passaram a ser tratadas como festas em honra aos santos juninos."
De modo geral, na leitura proposta por ele, todos os santos juninos estão ligados aos ciclos da natureza — fogo, água, fertilidade, abundância. Está aí São Pedro e a ideia de que ele é quem controla o tempo. "Vejo uma relação entre eles e os antigos rituais, uma relação ainda presente. Embora a gente não perceba mais, eles têm essa ligação com os elementos fundamentais da existência humana", comenta.
"No caso do Brasil, houve uma coincidência do calendário. No inverno seco, o solstício de inverno marca o período dos trabalhos agrícolas mais importantes. Do mesmo modo que, para os povos do hemisfério norte é o período de rituais de fertilidade, com as mesmas características, congrega as famílias na evocação da abundância.
"Até hoje as paróquias, as igrejas, realizam festas juninas. Só não estão realizando neste período em função da pandemia de covid. Mesmo que as maiores festas estejam predominantemente tendo somente o caráter festivo, mais comercial, de exploração pelo ganho financeiro, as igrejas continuam fazendo comemorações aos santos juninos", pontua Ikeda.
"No caso da feste junina, esse vestir-se de caipira, simbolicamente, é um instrumento de importância até emocional e psicológico para as pessoas se sentirem com a identidade ligada ao passado, aos pais e avós que praticavam aquilo, comemorando de forma parecida", analisa o pesquisador.
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