Mesmo após escândalos e prisão por corrupção, família continuou em alta na política do Rio
Às vésperas do primeiro turno de 2022, o governador Cláudio Castro participou de um comício na Zona Oeste do Rio. Com as mangas arregaçadas, pediu votos para reeleger dois irmãos: o deputado federal Chiquinho Brazão e o deputado estadual Pedro Brazão. “Jacarepaguá e o Rio têm representantes legítimos, e esses são a minha querida família Brazão”, discursou.
Em agosto passado, o prefeito Eduardo Paes foi a outro ato na região. À vontade, fez piadas e mostrou intimidade com o clã. “Quem melhor representa Jacarepaguá, quem mais briga, é a família Brazão. Uma salva de palmas para essas feras aqui”, ordenou. A claque obedeceu, e ele lançou o herdeiro Kaio Brazão, de 22 anos, para vereador. “A tradição não pode parar”, gracejou.
O clã frequenta as páginas policiais há mais de duas décadas. Já se envolveu em escândalos de corrupção, adulteração de combustíveis, roubo de veículos, sonegação fiscal e extorsão. Em 2008, Domingos e Chiquinho foram citados no relatório da CPI das Milícias. Passados 16 anos, ninguém pode alegar que os apoiou sem saber com quem estava se metendo.
Domingos exibiu sua força ao ser eleito pela Assembleia Legislativa para o cargo vitalício no TCE, em 2015. Em votação aberta, foi chamado de “aplicado”, “trabalhador”, “dedicado”, “amigo”, “grande chefe de família” e “homem de fé”. Dos 66 presentes, 61 o apoiaram, incluindo Flávio Bolsonaro e os deputados do PT. Só a bancada do PSOL, futuro partido de Marielle, opôs-se à nomeação.
O conselheiro foi em cana na Operação Quinto do Ouro, mas continuou fechado com os donos do poder fluminense. Num estado em que o crime anda de mãos dadas com a política, o relatório da PF lista exemplos de seu “grau elevado de ingerência” no governo Castro. Na gestão Paes, Chiquinho foi secretário de Ação Comunitária até o mês passado.
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