ESPECIAL | As duas superpotências do século XXI avançam em um pulso pela hegemonia cada vez mais intenso e repleto de perigos
avançam em uma espiral de ameaças, sanções e acusações de espionagem de consequências imprevisíveis, para eles mesmos e para o resto do mundo. Do confronto nos âmbitos comerciais e tecnológicos à competição armamentista e a luta pela influência nos diversos continentes, os dois gigantes protagonizam uma disputa pela hegemonia global repleta de perigos e de final incerto.Um regime autocrático contra uma democracia.
A primeira estratégia de Segurança Nacional da Administração de Trump, apresentada em dezembro de 2017, apontava a China e a Rússia como rivais que ameaçavam a prosperidade e os valores dos Estados Unidos. “Após ter sido descartada como um fenômeno do século passado, a competição entre grandes poderes voltou”, dizia o documento, recuperando a linguagem da corrida entre superpotências.
No campo da tecnologia, há mais de um ano se arrasta a disputa sobre a Huawei, o gigante chinês do qual os EUA suspeitam que pode agir como cavalo de Troia nos terminais e nas redes 5G ocidentais; uma disputa em que Washington pressionae que em Pequim é vista como uma tentativa de neutralizar um competidor que tomou a dianteira.
Que os atritos tenham aumentado se deve, pelo menos em parte, a motivos internos. Nenhum dos dois rivais atravessa seu melhor momento. Se os Estados Unidos já têm o olhar em suas eleições de novembro, a China conseguiu deixar para trás o pior da pandemia, mas a um custo elevado.
Há 11 anos, em uma entrevista publicada pelo Atlantic Council, perguntaram a Zbigniew Brzezinski, conselheiro de Segurança Nacional com Jimmy Carter, que lição havia aprendido da Guerra Fria. Poderia dizer “não se precipitar”: foi ele que em 1979 recebeu uma ligação na madrugada em que lhe informavam de um ataque de mísseis soviéticos que acabou sendo um erro.
. Uma medida que atingiu em cheio muitas empresas norte-americanas – de engarrafadoras de latas de refrigerante a fabricantes aeronáuticos – e que desatou uma escalada entre as duas potências.
“O centro da pressão dos EUA sobre seu rival geopolítico passou do comércio ao acesso aos mercados de capital e à tecnologia” frisam os economistas da UPB em um recente relatório de perspectivas. Há mais de meio século, Washington e Moscou estiveram limitados por uma estrutura de controle armamentista pactuada pelos dois. E Pequim soube tirar partido nas últimas décadas das amarras a que estavam submetidas as outras duas superpotências. O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário proibia os EUA e a URSS , de alcance intermediário . Durante os 32 anos em que o veto durou, Pequim lançou pelo menos 2.
Nem todos no Pentágono compartilham as projeções de Brose, mas reconhecem sem rodeios que o desenvolvimento e mobilização de armamento antiaéreo e antinavios, e os deslumbrantes avanços em mísseis terrestres – balísticos e de cruzeiro – colocam as tropas norte-americanas na região em uma situação muito vulnerável.
O veto a Huawei significará um atraso de pelo menos dois anos no 5G britânico e requererá um investimento extra de 3 bilhões de euros . Mas não serão os únicos custos dessa arriscada corrida. “Há grandes dependências que fazem com que a competição seja perigosa aos dois lados. As empresas de semicondutores dos EUA obtêm grandes lucros do acesso ao mercado da China, que utilizam para impulsionar sua I+D.
Andrés Ortega, pesquisador do Real Instituto Elcano, não gosta da denominação “guerra fria”. “Naquela época havia uma competição entre sistemas ideológicos que tentavam convencer outros países. Agora competem pelos mercados. O Governo chinês não tenta exportar seu sistema, não tem aliados”, afirma. O que existem são dois modelos econômicos que resolvem de maneira diferente uma questão crucial: a da propriedade dos dados.
A reunião deixou um gosto amargo entre os europeus, mesmo entre os mais pró-EUA, ao colocar em evidência que o choque entre Washington e Pequim pode experimentar uma escalada que colocará a UE entre dois fogos comerciais e diplomáticos. Fontes diplomáticas consideram que a Alemanha já começou a matizar sua deferência à China em 2019, quando a Comissão Europeia oficializou a expressão “rival sistêmico” para descrever a segunda maior potência econômica do planeta, atrás somente dos EUA.
Merkel ainda espera acalmar as águas com uma reunião de máxima importância entre a UE e a China , ainda que a tensão entre Washington e Pequim e a beligerância de Xi Jinping tornem cada vez mais difícil o entendimento. “A China tem uma estratégia bem formada. Procura conquistar uma cabeça de ponte e de lá se expandir”, diz Sergio Guzmán, diretor da consultoria ColombiaRisk, recorrendo ao termo militar que define a linha temporária que se estabelece após um desembarque para defender a região até que os reforços cheguem. O faz frequentemente oferecendo algo em troca, principalmente contratos de compra em grande escala de carne, soja, mariscos e outros produtos.
Em relação aos EUA, a última visita de importância foi feita pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, em janeiro. Como dizia no mesmo mês o centro de análises Conselho de Relações Exteriores, de Nova York, a “retórica” de Washington na África tem mais a ver com “combater” a influência da China do que com uma estratégia de desenvolvimento.
Pequim conquistou o mercado africano – é o primeiro parceiro comercial –; é o maior investidor em volume de capital e criação de postos de trabalho e, sem dúvida, o maior credor com números difíceis de se fixar entre o setor público e privado, que beiram os 145 bilhões de dólares . Mas a China também é uma potência emergente no cenário militar. Pequim contribui com 15% no orçamento de operações de paz da ONU.
A Corte Permanente de Arbitragem de Haia recusou em 2016 a grande maioria dos pedidos chineses, o que Pequim nunca aceitou. Em troca, se esforçou em criar realidades: construiu uma rede de ilhas artificiais nas Spratly, que as Filipinas consideram suas. Realiza manobras militares frequentes na região. E criou dois distritos administrativos nas ilhas Spratly e nas Paracel, pedidas pelo Vietnã.
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