'Estamos presos aqui, esperando a morte': os relatos de quem vive na Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo
Fizemos vários alertas sobre os yanomamis ao governo, mas resposta foi insuficiente, diz representante da ONUMas em 27 de janeiro de 2020, a Coreia do Norte fechou suas fronteiras em resposta à pandemia, impedindo não apenas pessoas, mas alimentos e mercadorias de entrar no país. Seus cidadãos, que já estavam proibidos de sair, foram confinados em suas cidades. Trabalhadores humanitários e diplomatas fizeram as malas e partiram.
Subornar os guardas de fronteira comia mais da metade de seus lucro, mas o esquema permitiu que ela vivesse uma vida confortável na sua cidade no norte do país, ao longo da vasta fronteira com a China. Os 4 mil wons que ele ganha por dia - o equivalente a US$ 4 ou R$ 20 - não são mais suficientes para comprar um quilo de arroz, e já faz tanto tempo que sua família não recebe porções de alimentos do governo que ele até se esqueceu delas.
Em seguida foi a vez de uma mãe condenada a trabalhos forçados por violar as regras de quarentena. Ela e o filho morreram de fome. Ela comprava arroz com o dinheiro. Agora, suas malas são minuciosamente revistadas quando sai e os subornos que o marido recebia pararam de chegar. Ninguém pode se dar ao luxo de perder nada.
Um dia ela bateu na porta da vizinha para levar água, mas ninguém atendeu. Quando as autoridades entraram na casa três dias depois, descobriram que toda a família havia morrido de fome. "Uma coisa é ouvir falar de pessoas morrendo de fome, mas quando você de fato conhece pessoas em sua vizinhança imediata que estão passando fome, percebe que a situação alimentar é muito séria - mais séria do que pensávamos e pior do que o país tem vivido desde a grande fome no final dos anos 1990", diz ele.
A pandemia, ela acredita, deu às autoridades a desculpa para exercer novamente um controle exacerbado sobre a vida das pessoas. O filho de seu amigo testemunhou recentemente várias execuções realizadas pelo Estado. Em cada caso, três a quatro pessoas foram mortas. O crime deles foi tentar escapar. O simples ato de tentar entrar em contato com pessoas fora do país é cada vez mais perigoso. No passado, os cidadãos que moravam perto da fronteira podiam fazer chamadas telefônicas secretas para o exterior conectando-se a redes móveis chinesas, usando telefones chineses contrabandeados para o país.
"Num momento em que a comida já está escassa, eles têm plena consciência dos estragos que isso vai causar", afirma. Há relatos de que, em algumas áreas, os bloqueios foram cancelados mais cedo, quando ficou claro que as pessoas não sobreviveriam. Em agosto de 2022, três meses após o surto, o governo declarou vitória sobre o vírus, alegando que ele havia sido erradicado do país. No entanto, muitas das medidas e regras de quarentena ainda estão em vigor.
Com um dos piores sistemas de saúde do mundo e uma população desnutrida e não vacinada, era razoável supor que muitos morreriam. Mas na relativa tranquilidade de sua cidade fronteiriça, Myong Suk tira um momento para relaxar, sentando-se com sua família para assistir TV, usando uma bateria que eles carregaram durante o dia.
Chan Ho chama isso de "a nova lei mais assustadora de todas". Simplesmente assistir aos vídeos pode levar a 10 anos de prisão. O objetivo da lei, segundo cópia do texto obtido pelo jornal Daily NK, é impedir a propagação de "uma ideologia podre que deprava nossa sociedade". "As pessoas ficaram chocadas com o quão mais dura foi a punição. É tão assustador, a maneira como eles estão focando nos jovens."
"Se as pessoas não confiam umas nas outras, não há ponto de partida para resistência. O que isso significa é que a Coreia do Norte pode se estabilizar e durar anos e décadas." Myong Suk e Chan Ho, que vivem ao longo da fronteira, dizem que a maioria das pessoas em suas cidades já foi vacinada contra covid - com uma vacina chinesa, eles presumem - enquanto em Pyongyang Ji Yeon diz que um bom número de pessoas recebeu duas doses.
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