“Em Nome de Deus é a história das mulheres e sua coragem para reagir. Mais do que resistir, agir, com base no sofrimento, na humilhação e no massacre que sofreram. É um documentário sobre a voz das mulheres”, diz Pedro Bial a EL PAÍS. Por joanaoliv
”. “Desde a coragem das mulheres para denunciar até a consciência social, em um sentido mais amplo, que influem na decisão de um delegado, um juiz, um promotor. É um zeitgeist “, diz.
“Tudo o que nos chegava e que investigávamos tinha, de fato, algum tipo de queixa formalizada na Justiça. Mas João de Deus tinha um sólido sistema de proteção e de influências que o blindavam quando esses casos chegavam ao território judicial”, conta Pedro Bial. O jornalista acrescenta que, após a estreia da série no Brasil, surgiram novas denuncias contra o médium.
João de Deus transformou Abadiânia, uma cidade com pouco mais de 17.000 habitantes, no cêntrico Estado de Goiás, na sede de seu império espiritual e financeiro.
Nem ela nem os políticos e artistas famosos que se tornaram amigos do médium desconfiavam que era precisamente em uma sala daquele centro espiritual onde João de Deus cometia grande parte de seus abusos, seguindo, de acordo com o relato de suas. As mulheres eram instruídas a procurá-lo em busca de uma cura espiritual em seu escritório, onde ele as trancava, as virava de costas para ele ou as sentava em uma cadeira, com os olhos fechados, e praticava os abusos.
Quanto mais investigavam, mais se davam conta de que haviam contado apenas uma parte de uma história muito longa, que avança por diferentes regiões do Brasil, Holanda, Austrália e Estados Unidos. Foi assim que surgiu a ideia de converter a investigação jornalística em uma, com o êxito de conseguir construir bons arcos de história curtos, resolvidos em cada episódio, e um arco longo que percorre toda a série.
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