Eleição aqui e juros nos EUA importam à bolsa. China também
O mercado anda monotemático. Vez ou outra, a eleição mais polarizada da história do Brasil até roubou atenções em 2022. E também pudera. Mas o foco do mercado está mesmo, na maior parte do tempo, no rumo da inflação e dos juros nos Estados Unidos, sob risco de recessão planetária. Natural que seja assim, mas não se deve perder de vista a China.
"Com suas peculiaridades, a China faz parte da mesma zona cinzenta global na qual estão mergulhadas as potências do Ocidente", diz a gestora Priscila Araujo, da Macro Capital. "Em uma só década, até 2021, dobrou sua participação na economia mundial para nada menos que 20%, crescia demais. Mas a verdade é que a política de covid zero destruiu a economia chinesa.
"Estou atento a quais fatores Xi deve dar mais privilégio daqui em diante para sustentar o crescimento chinês", diz. "Está na pauta a descarbonização, com a qual a China terá de lidar. Também a liberalização da mobilidade das famílias, do campo à cidade e também entre as cidades, algo antes vedado pelo Partido Comunista Chinês.
Viccenzo Paternostro, gestor de renda variável da Gap Asset, não tem assumido posições de compra nas ações da Vale. Ainda. A depender dos desdobramentos do congresso do governo chinês nas próximas semanas, isso pode mudar. "A produção brasileira de vergalhões, aço plano, elementos que não têm substituto na cadeia de produção eletrointensiva, polui menos que a da China. Quando se fala em descarbonizar, o Brasil atende esse quesito por ter uma geração de energia limpa, com sua matriz majoritariamente hidráulica, o que gera muito menos CO₂.", diz. "As produtoras de ferroligas serão favorecidas, e vejo a Ferbasa como boa pedida a investidores.
"Mas, mais do que essas companhias, vejo como principais favorecidas aquelas ligadas à estocagem desses alimentos. A demanda por silos, que servirão para armazenar e conservar grãos localmente e também no exterior, deve ser muito forte por causa da China. E o grande nome desse mercado, com domínio de 40%, é a Kepler Weber.