O economista Gesner Oliveira analisa os dois caminhos possíveis para a economia brasileira sob o governo Lula: uma desaceleração planejada ou uma recessão aberta e selvagem. A decisão do governo em relação aos cortes de gastos será crucial para determinar o futuro da economia.
O economista Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da consultoria Go Associados, aponta para dois caminhos possíveis para a economia brasileira sob o governo Lula: uma desaceleração planejada ou uma recessão aberta e selvagem. A diferença crucial reside na determinação do governo em cortar gastos. Segundo Oliveira, essa vontade política não está sendo percebida pelo mercado financeiro.
\Assim como o aquecimento da economia, a desancoragem das expectativas de inflação, a questão fiscal e o endividamento bruto do governo, que chega a 77% do Produto Interno Bruto (PIB), contribuem para a alta dos juros. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic para 12,25%, o comitê afirmou estar acompanhando atentamente como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. Uma sinalização clara do presidente em direção ao ajuste nas contas públicas permitiria que o ciclo de alta de juros estipulado pelo Copom fosse mais curto e abreviaria a desaceleração da economia causada pela alta da Selic. Essa desaceleração deve começar a se refletir em números no segundo semestre deste ano, projeta o economista.\Oliveira critica o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo, apontando três problemas. Primeiro, o atraso na sua implementação. Segundo, a mistura com uma medida expansionista, a isenção do IR, que não se alinhava com o objetivo do pacote. Terceiro, a insuficiência das medidas e a probabilidade de eficácia limitadas para eliminar o déficit primário, essencialmente do setor público. O impacto das mudanças nas medidas feitas pelo Congresso Nacional, a chamada desidratação, do pacote, na avaliação do economista, é de 10 bilhões de reais. Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha afirmado que o governo irá apresentar novas medidas de corte de gastos, ele também declarou que a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha dois salários mínimos deve ser mantida e ajustada no Orçamento de 2025. Com a elevação para dois salários mínimos, o valor subiria para 3.036 reais, o dobro do mínimo atual de 1.518 reais, resultando em perda de arrecadação. Haddad afirmou que essa orientação foi recebida do presidente Lula. Oliveira compara a situação à interrupção prematura de um tratamento com antibióticos, o que pode agravar o problema. Para ele, evitar cortes de gastos ou redução prematura na taxa de juros seria como interromper o tratamento com antibióticos antes do tempo, o que pode agravar o problema da inflação. As projeções de inflação poderiam disparar, ultrapassando os 5% atuais e atingindo níveis como 7%, 8% ou até 9%. Essa situação, segundo ele, levaria a uma 'deriva' econômica, criando um ambiente caótico. 'Quer dizer, em vez de ter uma desaceleração planejada e um recuo tático, você jogaria a economia numa recessão. Eu acho que o governo Lula tem que escolher se ele quer uma desaceleração planejada ou se ele quer uma recessão aberta e selvagem', conclui
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