A filha de camponeses que decidiu lutar para salvar a França da invasão inglesa foi acusada de feitiçaria e morreu queimada viva aos 19 anos no dia 30 de maio de 1431. Hoje, é um símbolo católico e feminista. ArquivoBBC
Os pais que pintaram a casa à semelhança do quadro 'A Noite Estrelada' de Van Gogh, para que filho autista não se percaA batalha entre França e Inglaterra ocorreu em seguida à morte do rei Carlos IV — que não deixou herdeiro. Pelo parentesco, a monarquia inglesa passou a reivindicar o trono francês. Foi declarada a guerra.Nascida no vilarejo de Domrémy, Joana, muito religiosa, começou a ouvir vozes por volta dos 13 anos de idade.
"O papel histórico dela foi estar em um lugar onde as mulheres não costumam estar. Isto é um fato, independentemente do feminismo", avalia à BBC News Brasil a historiadora Maíra Rosin, pesquisadora na Universidade de São Paulo . "Joana d'Arc lutou para salvar a França da dominação inglesa, mas não era nada claro que não tivesse havido também uma implicação de autoridades civis e religiosas francesas em seu processo e condenação à morte."Joana d'Arc virou referência retratada inúmeras vezes na cultura, incluindo o cinema
Para que não acabassem atraindo veneração, suas cinzas foram lançadas no Rio Sena. "Não havia interesse em destacar a figura de Joana, pois ressaltar a dos soberanos que governaram após a vitória que a ela se deve. Esses soberanos realizaram uma obra unificadora que culminou na construção de um Estado sólido, potente, no qual reconhecemos a França de hoje", completa Bingemer.
Conforme lembra a historiadora Rosin, a Igreja tradicionalmente recuperou vários personagens outrora renegados. Joana d'Arc integra essa lista. "Mas foi um papa muito europeu, muito voltado para a unidade da Europa. Assim, pode ter havido interesse em canonizá-la, já que era uma imagem, um ícone, um símbolo, de um país que desde a Revolução Francesa [em 1789] estava muito secularizado", contextualiza à BBC News Brasil o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Em 2017, o político francês Jean Marie Le Pen, ex-presidente do partido nacionalista mais à direita no espectro político de lá, comparou a filha, a também política Marine Le Pen — sua sucessora no partido —, a Joana d'Arc.