Darcy Ribeiro: 100 anos do visionário que lutou por indígenas, pela educação e fugiu de UTI para concluir livro
"Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
"Visionário" foi a definição citada tanto pelo indigenista Toni Lotar, conselheiro da Fundação Darcy Ribeiro , no Rio de Janeiro, que observou a preocupação do antropólogo com os indígenas e o meio ambiente, como pelo professor argentino da Universidade San Martin , de Buenos Aires, Andrés Kozel, coautor do livro"Darcy estudou muitos assuntos que hoje estamos vivendo", disse Kozel.
Eram os anos 1940 e 1950, e Darcy, ex-estudante de medicina, queria entender a vida dos povos originários. Não exatamente pelos estudos específicos da Medicina, mas por seu interesse pelos povos. Conta que acabou se apaixonando pela questão e ficou amigo dos indígenas. Juruna, que foi do Partido Democrático Trabalhista , gravava, com um pequeno gravador, todas as declarações dos políticos. Era uma forma de poder cobrar depois que as palavras fossem cumpridas.
"Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios", disse num discurso no início dos anos 1980.