Em 2070, mais de um terço dos brasileiros serão idosos, segundo o IBGE. Boa parte do cuidado com esta parcela da população recairá nos cuidadores de idosos — trabalhador invisível de uma atividade não regulamentada e que pode ser bem remunerado.
A crescente demanda por cuidadores de idosos em um Brasil cada vez mais velho: 'Fui trocar lâmpada e fiquei'“Quando eu chegava, ele já dava um grito. ‘Rodrigo, vem aqui um pouco. Você não viu o que está acontecendo com o
A BBC News Brasil entrevistou especialistas na área, além de ouvir a experiência de Rodrigo, para entender como é o cotidiano dos cuidadores de idosos e o que pode mudar a regulamentação da atividade e o investimento na formação destes trabalhadores.
O cuidador se lembra do dia em que começou a ajudar Carlos a fazer a higiene pessoal. Um momento delicado, mas a partir dali "ficou tudo mais fácil". Rodrigo, que depois passou a cuidar da viúva de Carlos, Maria das Dores, 85 anos, diz não ter intenção de fazer o curso de cuidador. “Há um voluntarismo muito grande. ‘Pode deixar, eu limpo a vidraça, subo na escada, comigo não tem tempo feio’”, diz o pesquisador.
Rodrigo conta como a relação com Carlos, além de se tornar cada vez mais íntima, também ficava cada vez mais intensa e ganhava novos contornos conforme o idoso requisitava cada vez mais sua presença. No entanto, sem uma regulamentação da profissão e sem uma padronização no tipo de formação necessária para o exercício da atividade, o relato é de que a demanda por cursos desse tipo acaba sendo baixa.
“Comparando o que as pessoas estavam fazendo na época em que procuraram o curso e o que estavam fazendo quando foram entrevistadas, houve um aumento significativo no número de pessoas atuando como cuidadoras e uma diminuição no número de pessoas que estavam desempregadas.” Finalmente, lembra Groisman, em uma profissão que pode ser tão solitária, as cuidadoras e cuidadores que fazem o curso podem encontrar solidariedade no convívio com outros profissionais.
Semanas depois da entrevista à BBC News Brasil, Rodrigo contou que foi desligado do trabalho por corte de custos e passou a trabalhar como cuidador de outro idoso: "Mas não quero me apegar muito, porque a gente sofre".Em um Brasil que envelhece, uma atividade tão antiga pode também ser uma profissão do futuro.
Olhando para essa realidade, Groisman e Félix respondem que cuidar já é uma profissão crítica para o Brasil do presente. “É a primeira vez que o Executivo tenta tomar uma iniciativa sobre a questão do cuidado, principalmente, estabelecendo o direito ao cuidado.” Félix acompanha atento os desdobramentos no Congresso. Ele diz que “a profissão de cuidador pode ser uma profissão do futuro caso o Estado ofereça, abrace esse serviço, como ocorre em alguns países ricos”.Se o custo do cuidado recair somente sobre a família, o envelhecimento populacional trará um aumento na demanda, mas essas famílias não terão como pagar, diz.“Se continuar assim, você continua a ter muitas pessoas sem cuidado.
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