Mesmo em um dos momentos mais tensos na relação entre Brasil e Venezuela, Lula rejeita romper com governo venezuelano. Analistas e diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil explicam os fatores que levam a esta posição.
Lula tem feito críticas a Maduro e à recusa do venezuelano em divulgar as atas das eleições, mas rejeita cobranças sobre romper as relaçõespassa por um de seus momentos mais tensos até hoje após disputas em relação ao resultado da eleição presidencial e o mais recente embate em torno da custódia da embaixada da Argentina no país.
vai na contramão da adotada por outros líderes sul-americanos, como o presidente de esquerda do Chile, Gabriel BoricDiplomatas ouvidos pela BBC News Brasil em caráter reservado ao longo dos últimos dois meses e especialistas explicam que uma das razões principais pelas quais o governo brasileiro não pretende romper relações com a Venezuela a despeito dos últimos acontecimentos é a necessidade de administrar o diálogo com um país com o...
Além disso, a manutenção da relação permite que o Brasil atue de forma mais próxima na gestão do fluxo de imigrantes venezuelanos que chegam ao país e em outros temas fronteiriços e alfandegários. “Essa fronteira está cada vez mais porosa e ingovernada”, afirma, ressaltando a relevância da região para o tráfico de cocaína e a atuação de organizações como o Primeiro Comando da Capital .Outro fator relevante mencionado pelas fontes ouvidas pela BBC Brasil é a prática diplomática conciliatória brasileira.
“A política externa brasileira é uma prática mais reticente a esse tipo de gesto de rompimento, sobretudo quando esse rompimento tem a ver com situações de caráter doméstico do país”, diz. O argumento é o de que um eventual rompimento pioraria uma situação que já ruim e dificultaria ou impossibilitaria ainda mais qualquer tentativa de influenciar o governo Maduro.Em resumo, a tese é: se mesmo próximo, o Brasil enfrenta dificuldades para influenciar o regime venezuelano, ao ficar distante essa missão poderia se tornar impossível.
“Se o Brasil sair de cena por conta de um rompimento de relações, esses outros atores vão ocupar o espaço político rapidamente”, diz. Segundo este diplomata, a eventual posse de Maduro deverá criar novos impasses para o governo brasileiro. A oposição venezuelana, porém, diz não ser possível confiar no Judiciário do país por ser dominado por Maduro.
Esses antecedentes, segundo analistas, também tornam um rompimento total de relações com a Venezuela improvável.“Há uma a aproximação de alas do PT com o processo da Revolução Bolivariana e o entendimento de que os problemas que ocorrem lá são fruto da ingerência do imperialismo norte-americano e de uma oposição mancomunada com os Estados Unidos”, afirma.
Ainda assim, Lula expressou apoio claro ao atual presidente venezuelano publicamente em diversas ocasiões.
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