O anonimato de líderes criminosos e a diversificação dos negócios ilegais fazem com que o cenário hoje na região seja bem diferente das décadas anteriores — mesmo há 10 anos.
, o tipo de negócio com que lidam, a amplitude do território que atingem e o anonimato de muitos dos seus líderes são alguns dos fatores por trás dessa transformação.
Referindo-se especificamente à Colômbia, o relatório diz que "como resultado da fragmentação do cenário do crime após a desmobilização das Farc em 2016, há o envolvimento agora de grupos criminosos de todos os tipos, tamanhos, estruturas e objetivos."Jeremy McDermott, codiretor da InSight Crime , afirma que "não existem mais cartéis que controlam todos os elos da cadeia de atividades criminosas.
"Pela primeira vez, vemos a influência real das máfias albanesas, de grupos de Montenegro ou a presença verificável de máfias italianas, como a 'Ndrangheta", diz ele. Segundo os analistas, o fato de existir um panorama mais fragmentado significa também que o tipo de negócio que esse grupos desenvolvem é mais amplo."Antes, as estruturas criminosas eram especializadas em uma área do negócio criminoso.
"Um fator fundamental foi a pandemia, pois os Estados ficaram paralisados e sem recursos enquanto certos grupos continuavam a forjar alianças. Isso permitiu uma ampliação dos grupos que possuem recursos para entrar em novos mercados", acrescenta. Os novos líderes dos grupos criminosos latino-americanos parecem ter aprendido a lição e hoje preferem se manter discretos.
Lucía Dammert, por sua vez, afirma que "hoje, pensar que vamos encontrar o Pablo Escobar desta época é uma construção midiática, uma série Netflix".A situação atual faz com que, mais uma vez, o trabalho da polícia seja mais complexo. Obviamente, por não se saber ao certo quem são os líderes das gangues — se é que existe apenas um —, a tarefa de encontrá-los se torna mais difícil.
"Praticamente não existem mais as chamadas 'ilhas de paz" porque os mercados ilegais estão presentes em quase todos os países”, afirma Lucía Dammert. "É preciso esclarecer que estes países sempre tiveram criminalidade local. Mas o que observamos agora é que as suas realidades nacionais estão sendo alteradas pela entrada de organizações internacionais, pela mutação das suas próprias gangues locais e pelo controle de certos territórios ou portos", explica Zeballos.
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