Panahi mais do que ninguém nos mostrou o que é viver em um mundo cada vez mais controlado e fechado, e isso não vale apenas para o Irã
A exibição online dos dois últimos longas-metragens do diretor iraniano Jafar Panahi , são uma boa oportunidade para o público brasileiro conhecer um dos mais talentosos realizadores contemporâneos.
Nesta pequena obra prima, já podemos perceber alguns elementos que marcarão o cinema de Jafar Panahi: o uso preciso do enquadramento, a importância dos acontecimentos fora de campo , a presença da rua e suas personagens através de longas perambulações da menina e a forma como os mais diversos antagonismos e problemas da sociedade iraniana são percebidos, não em discursos, mas nas relações cotidianas dos personagens.
Após ‘O espelho’, Panahi dá uma nova guinada em seu cinema, discutindo mais diretamente as questões sociais do Irã. Em ‘O círculo’, vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, a história cotidiana de personagens femininas em meio a um universo opressivo e militarizado é contada a partir de mulheres que têm seus destinos cruzados em algum momento.
Chama a atenção neste, como nos demais filmes de Panahi, o seu talento para extrair o máximo de atores não profissionais. Em um trabalho posterior , o próprio Panahi narrará o assombro diante de algumas reações que ele conseguiu de Hossain Emadeddin, intérprete de Houssein.
‘Isto não é um filme’ foi a resposta que Panahi conseguiu dar à censura: impedido de sair de casa e filmar, ele narra para a câmera de um amigo, o jovem diretor Mojtaba Mirtahmasb, um roteiro que foi proibido pelo governo, enquanto acampanhamos seu confinamento. O roteiro narra ironicamente a história de uma menina enclausurada, impedida de seguir sua vida.
Os dois personagens podem ser considerados alter-egos do diretor, cada um deles representando uma faceta da angústia de se viver confinado em uma teocracia. Filmado clandestinamente, o que vemos diante das câmeras é a representação desta angústia, construída por um diretor que se vê impedido de sair às ruas e interagir com o mundo.
É esse o caminho que ele também adota em seu último filme: ‘Três faces’ mostra Panahi acompanhando a atriz Behnaz Jafari a um longínquo vilarejo montanhoso. Ali vive uma menina que enviou uma mensagem perturbadora à atriz. Angustiada, ela viaja com o diretor ao vilarejo, onde precisará lidar com a irracionalidade dos costumes arcaicos e com as diferenças entre os habitantes daquele espaço.
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