As primeiras notícias sobre casos de ‘fungo negro’ no país Asiático deixaram todo mundo assustado. Mas especialistas entendem que probabilidade de o cenário se repetir no nosso país é muito baixa G1
Fungo Mucor, ilustrado na imagem, é um dos responsáveis pela mucormicose que acomete os pacientes com Covid-19 na Índia — Foto: Getty Images via BBC
"Essa situação local não constitui uma ameaça à saúde pública global", tranquiliza o infectologista Alessandro Comarú Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. As espécies que fazem parte dessa turma são muito diversas e podem ser encontradas nos mais diferentes formatos e tamanhos.
Muitos desses micro-organismos vivem dentro de nosso próprio corpo, numa relação amistosa e sem causar problema algum. Partes do nosso sistema respiratório e digestivo, inclusive, são colonizadas por diversas espécies de fungos. Vale reforçar que os fungos que provocam essa condição, conhecidos como Rhizopus, Rhizomucor e Mucor, estão presentes em muitos países e podem ser observados no bolor do pão e das frutas, por exemplo.
Ou seja, falamos de uma situação que reúne uma série de pacientes vulneráveis, com o sistema imunológico combalido pela Covid-19, que muitas vezes apresentam doenças prévias e precisam de remédios que afetam ainda mais o funcionamento das células de defesa . E eles são mantidos em locais que podem não apresentar a higiene adequada.
Mas há relatos publicados de brasileiros que foram acometidos por outras espécies de fungos durante o período que ficaram internados com Covid-19. Outra figurinha preocupante no ambiente hospitalar é a Candida — você já deve ter ouvido falar dela como a causadora de uma infecção muito frequente na região genital das mulheres, a candidíase.
Numa situação normal, é bem provável que o sistema imunológico consiga lidar com esses avanços fúngicos para evitar repercussões maiores. Outra tática usada em hospitais, especialmente nas alas que recebem os pacientes com sistema imune muito comprometido é a instalação de filtros Hepa nos sistemas de ventilação.
Do ponto de vista individual, vale sempre tomar cuidado com a própria saúde e manter doenças crônicas, como o diabetes, sob controle. Sem a identificação adequada, perde-se um tempo valioso em que o paciente já poderia ser tratado com os antifúngicos antes que o quadro evoluísse para estágios mais avançados.
Sem esses remédios, as opções para combater essas infecções ficam escassas, ou praticamente deixam de existir.