Coronavírus: como os agentes de saúde poderiam ter evitado a tragédia
Diante do alarme de uma doença desconhecida e altamente contagiosa, o Brasil, como muitos outros países, fez investimentos pesados na atenção hospitalar: respiradores, leitos de UTI, hospitais de campanha. Não teve o mesmo cuidado com prevenção e controle da doença.
“As equipes podem fazer teleatendimento? Podem. Podem criar grupos de WhatsApp? Podem. Mas que tipo de informação vão repassar? Sem decisões oficiais, essas ações se tornam atos de heroísmo individual.”“De fato, os agentes tiveram pouca participação”, admite Willames Freire Bezerra, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
“A atenção primária, que deveria ter sido colocada na vanguarda, foi escanteada. Foi um erro técnico da gestão Mandetta”, lamenta o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da USP. Entre abril e maio, a saída de dois titulares da chefia do Ministério da Saúde deu à miopia estratégica tons de boicote. Segundo o mais recente boletim do Conselho Nacional de Saúde, publicado na quinta-feira 13, mais de ⅓ dos 41,2 bilhões destinados ao combate à pandemia estão parados. Os mais prejudicados por esse descaso, é claro, são os mais pobres.
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