Palestinos que vivem no Reino Unido contam à BBC como souberam do que ocorreu com suas famílias que viviam em Gaza.
Eram quatro horas da manhã e Ahmed acordou assustado. Ele, que geralmente tem sono profundo, sentiu que algo estava errado.
Ao todo, 21 pessoas morreram quando a casa da família foi destruída por um ataque aéreo – seu pai, três das suas irmãs, dois irmãos e 15 crianças.A lista dos mortos é tão longa que Ahmed se confunde ao listar os nomes e as idades de cada pessoa morta em sua família. “Todos falaram que queriam ir à praia alugar um chalé e comer e dançar juntos e curtir”, conta. Então, ele alugou um chalé e encomendou jantar e lanches para eles.
Quando conheci Ahmed, ele me mostrou uma foto de Malak no hospital, com o corpo totalmente coberto de bandagens. Inicialmente achei que se tratava de um menino porque o cabelo dela estava curto. Antes era longo, disse Ahmed, mas deve ter queimado no fogo. Falamos com três pessoas que perderam mais de 20 familiares cada uma em Gaza. Um deles, Darwish Al-Manaama, perdeu 44 membros da sua família. Eles estão lidando com o luto em uma escala incompreensível.
Yara nos enviou uma captura de tela da lista com uma marca vermelha ao lado de cada nome. No lado direito da lista, suas idades - Sama tinha 16 anos, Omar e Fahmy eram gêmeos de 14 anos, Abdul tinha 13, Fátima 10, Obaida sete, os primos Aleman e Fatima tinham ambos cinco, Youssef tinha quatro e Sarah e Anas tinham três anos.
Não há combustível suficiente para operar as máquinas escavadoras em Gaza e as que estão em operação são usadas prioritariamente no resgate dos que estão vivos. Ele não consegue encontrar palavras em inglês para descrever o que vem sentindo desde o bombardeio, como se seu coração não estivesse mais no peito. Chorar é inútil, diz ele, porque não muda nada.
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