O urbanismo feminista vai além da iluminação, vigilância e manutenção do espaço: busca investir em estruturas urbanas inclusivas para criar espaços de convivência mais frequentados, gerando a chamada 'segurança passiva'
"Quando mulheres e garotas não conseguem andar em paz pelas ruas da cidade, fazer compras nos mercados, andar no transporte público ou simplesmente usar banheiros públicos, isso tem um tremendo impacto em suas vidas.
Isso se traduz em maior iluminação das ruas, ausência de áreas escuras e manejo da vegetação dos parques.Países como a Espanha enxergam a necessidade de renovar seu desenho urbano para tornar os espaços públicos inclusivos, seguros e adequados às necessidades de mulheres e homens "Só o fato de questionar: você está pensando em segurança nos espaços públicos? Está pensando em segurança à noite? É algo positivo. Nesse sentido, está indo na direção certa", diz ela.No início da década de 1990, Viena desenvolveu o maior projeto habitacional da Europa até hoje construído por e para mulheres.
"É muito interessante como referência por causa de questões práticas como, por exemplo, como existem ligações visuais interior-exterior, entre o apartamento, a escada, o pátio, o jardim, as praças, as ruas. Isso é vigilância passiva", diz Delgado. Entre as medidas implementadas para combater isso em lugares como a Cidade do México, destaca-se o programa Caminhos Seguros, criado em 2019 para melhorar as áreas com maior incidência de crimes contra as mulheres, incentivar o uso do espaço público e prevenir crimes.