Suposto espião pode fazer com que Brasil tenha de decidir sobre os pedidos de dois importantes parceiros comerciais e políticos — em um momento em que relações entre Rússia e Estados Unidos estão estremecidas
Carta escrita à mão por detento ajuda a provar inocência de homem preso por roubo: 'Um pesadelo em vida'Em junho de 2022, ele foi condenado pela Justiça brasileira a 15 anos de prisão pelo uso de documentos falsos. Ele admitiu o uso dos documentos falsos e ter se passado por Victor Muller Ferreira por quase uma década, mas negou, até agora, seu envolvimento com qualquer tipo de espionagem.
Segundo as autoridades do país, Cherkasov faria parte de um grupo especial de espiões conhecido como "ilegais", que são despachados pela Rússia para outros países com nomes falsos e com a missão de assumir uma personalidade totalmente nova para se infiltrarem nos países e coletarem informações e cumprirem missões enviadas por Moscou.
Na terça-feira , foi a vez do governo norte-americano pedir a extradição de Cherkasov. A informação foi revelada pela BBC News Brasil com base em nota enviada pelo Ministério das Relações Exteriores . Advogados e professores especializados em direito internacional ouvidos pela BBC News Brasil apontam que a legislação brasileira estabelece critérios para resolver casos como esse.
Ela disse, no entanto, que, caso a análise feita pelo STF chegue à conclusão de que os critérios existentes não são suficientes para decidir por um país ou por outro, a decisão final caberá ao Poder Executivo. O procurador da República e professor de Direito Internacional Vladimir Aras avalia que o caso envolvendo Cherkasov coloca o Executivo brasileiro em uma situação delicada. "Esse caso cria um problema gigante. Acho que o problema hoje está muito mais nas mãos do governo do que do STF."
Aras disse ainda que há um fato inusitado que pode colocar ainda mais pressão sobre o Poder Executivo. A "batalha" de pedidos de extradição ocorre em um momento de intensificação das tensões entre os dois países, especialmente após o início da invasão da Ucrânia por tropas russas, em fevereiro de 2022.Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de críticas após ter dado declarações sobre a guerra na Ucrânia interpretadas como pró-Rússia.
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