Coluna: Os personagens dos contos parecem assombrados pela guerra e pela morte por ruandsgabriel
de O apanhador no campo de centeio, de J.D. Salinger, é um rebelde sem causa, como se o comportamento agressivo e aparentemente irracional de um menino de 16 anos a vagar por Nova York às vésperas do Natal fosse só manha de um riquinho inconsequente, mimado e desocupado. Às vezes, o desespero de Holden é associado a um mal-estar do pós-guerra, a um tédio da juventude de classe média anestesiada pelo consumo, a uma angústia de rico.
Depois de sabermos tudo isso, ainda achamos que ele é um rebelde sem causa? Talvez sim. Porque o luto hoje não serve mais de desculpa para nada. O luto deve ser uma dor privada, resolvida, se necessário for, com remédios e força de vontade. Não há mais lugar para viúvas portuguesas cobertas de preto que esfregam seu luto na cara dos outros pelas ruas e denunciam a crueldade da morte em público.
Voltei a pensar no luto de Holden recentemente, quando li a edição de Nove histórias, o primeiro livro de contos de Salinger, que a Todavia. Nessas histórias, há um punhado de personagens enlutados. Vários deles meio parecidos com Holden: irritados, desbocados, impacientes, que gostam de crianças. São lutos públicos e privados.
tombaram nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial. Como Walter Glass, lembrado por Eloise Wengler, em “O tio Novelo em Connecticut”. Ou o pai de Esmé, a menininha de “Para Esmé – com amor e sordidez”. Esse, aliás, é um dos contos nos quais Salinger melhor descreve a indignidade – a sordidez – da guerra.
Phoebe estaria diferente a cada sábado. É curioso que ele imagine Phoebe frequentando esse museu acolhedor, onde tudo permanece igual, como desejasse para ela uma vida sem luto. Como aqueles pais que desejam que seus filhos não cresçam, que vivam só de futuro, que é o oposto do luto . “Tem coisas que deviam ficar do jeito que são”, diz Holden. Mas elas não ficam. Às vezes, isso me parece motivo suficiente para se rebelar.
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