Candidatos tratam prevenção a enxurradas de forma superficial, mostra primeira reportagem da série
Obras de contenção no Morro da Oficina, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio: cidade sofreu com deslizamentos no desastre de 2022 — Foto: Márcia Foletto/Agência O GloboCandidatos a prefeito tratam superficialmente a adaptação climática em suas propostas, focando mais em medidas de Defesa Civil do que em prevenção a desastres futuros.
Já a ampliação de sistemas de alarme e mapeamentos de área de risco aparecem em quase todos programas das principais candidaturas de Rio, Belo Horizonte, São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre e cidades atingidas por tempestades, como Niterói, Petrópolis e os municípios do Rio Grande do Sul.
Ela aponta que o único caso bem-sucedido de desocupação por risco ambiental no Brasil ocorreu em Cubatão, em 2011, quando 21 mil pessoas foram realocadas após a demolição de bairros em áreas de risco. — Os novos prefeitos e vereadores terão uma oportunidade única de trazer a questão climática para os planos diretores. Historicamente as melhores áreas das cidades foram destinadas à expansão imobiliária. É um momento crucial para mudar o foco e enfrentar a mudança climática — diz.
— A falta de planos específicos reflete uma desconexão entre a necessidade urgente de planejamento climático e as prioridades políticas atuais — diz ele. Henrique Frota, diretor executivo do Instituto Polis, aponta que a falta de foco na prevenção e na adaptação a longo prazo é um problema recorrente. Ele cita uma pesquisa recente do instituto para dizer que a população tem se interessado mais pelo assunto porque agora “sente na pele” os impactos. Mas ainda não é o suficiente.
Na capital fluminense, a principal resposta do prefeito Eduardo Paes, que já ocupava o cargo na época, foi a criação do Centro de Operações Rio , que hoje é uma referência nacional no monitoramento meteorológico. A prefeitura também realizou obras de contenção no Morro dos Prazeres. O mesmo foi feito em larga escala no Morro do Bumba, em Niterói.
Camarinha e Alvalá chamam a atenção para desigualdades regionais, como o próprio clima, o tipo de terreno e condições de vida: A história da petropolitana Regina Aparecida de Lima, de 48 anos, representa o drama das vítimas e de que desastres ocorrem em instantes, mas a recuperação leva anos. Ela perdeu uma prima, a casa própria e todos os bens com o desmoronamento na Vila Felipe, em 2022.
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