Fenômeno climático tende a agravar seca no bioma; para especialistas, combate a incêndios pode atenuar o problema g1
O El Niño pode causar uma “hecatombe ambiental” na Amazônia neste ano ou no início do próximo, afirma a bióloga brasileira Erika Berenguer, pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster, ambas no Reino Unido.
O cenário, dizem especialistas, pode ser pior do que o registrado entre o segundo semestre de 2015 e o início de 2016, período do El Niño mais recente.Na Amazônia, houve redução de chuvas e intensa seca em uma mata que normalmente é úmida, cenário que favoreceu a disseminação do fogo causado por humanos."Eram milhares e milhares de áreas de floresta queimando e isso dava uma sensação de impotência.
“No governo anterior houve muito desmatamento, mas, em relação às questões climáticas, como quando ocorreram os grandes incêndios na Amazônia em 2019, o clima não era tão seco", comenta a bióloga Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e da Rede Amazônia Sustentável. Nos últimos quatro anos, segundo o Imazon, a perda florestal da Amazônia foi correspondente a 35.193 km² – área maior que os estados de Sergipe e Alagoas .
“Não dá pra avaliar muito bem somente com o dado mensal. Existe o problema das nuvens. O ideal é analisar pelo menos três meses para minimizar as incertezas. Por isso, não sugiro associar o desmatamento de um mês com ações de um governo”, diz o pesquisador Luiz Aragão, chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Inpe.
Berenguer avalia que ainda há tempo para enfrentar o problema de uma forma que seja possível minimizar os impactos do fenômeno climático. “Não acho que ainda seja o fim do mundo. A gente ainda tem cerca de dois meses para se preparar e lidar com essa crise climática. Não está tudo perdido, mas o relógio está fazendo tic-tac”, afirma a bióloga.
Agostinho afirma que o Ibama tem mantido contato com as principais agências de meteorologia do país para acompanhar o avanço do fenômeno climático e se organizar para enfrentar os possíveis impactos. O Ibama afirma que ocorreu um aumento de 179% dos autos de infração, 128% dos embargos, de 107% das apreensões e 203% das destruições de equipamentos usados em crimes ambientais, entre janeiro e maio, na comparação com a média para o mesmo período nos últimos quatro anos.
A reportagem procurou setores do agronegócio para comentar sobre as ações de desmatamento no bioma, mas eles optaram por não comentar o caso. A diferença, apontam os pesquisadores, é que houve uma forte seca em 2010, que intensificou as queimadas. Já em 2022, segundo os especialistas, não foi considerado um período de seca no bioma.Em meio a esses problemas dos últimos anos, a Amazônia encara o risco de enfrentar um El Niño intenso.
"Um novo recorde de temperatura global no próximo ano é definitivamente possível. Depende do tamanho do El Niño. Um El Niño em grande escala até o final deste ano confere uma alta probabilidade de que teremos um novo recorde global de temperatura em 2024”, afirmou Scaife.O bioma sofre com os impactos das mudanças climáticas e, desde o início dos anos 2000, tem ficado mais seco e quente, segundo os estudos.
“Esses últimos meses foram de chuva, então, não tinha como colocar fogo. Então, o que normalmente ocorre é que o produtor rural espera chegar a estação seca, deixa a biomassa da floresta derrubada pegando sol, espera por semanas ou meses até ficar bem seco e, aí, acende o fogo”, explica Berenguer.Há diversas consequências que podem ser causadas pelo El Niño na Amazônia.
Esses processos contribuem para o aumento das emissões do CO², que intensificam as mudanças climáticas globais, intensificando eventos extremos de seca e chuva.
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