As magias de Calvino: não se trata de um ilusionista, mas de quem enxerga o que os outros não veem
Calvino em Sanremo, a cidade por ele considerada natal e que conhece como ninguém – Imagem: Ulf Andersen/Aurimages/AFPEncontro Italo Calvino se eu for a Sanremo. É onde a família Calvino ficou desde tempos, suponho, imemoriais. Igual à minha do lado materno, de sobrenome Giuliano. E aquele foi meu paraíso terrestre.
Reconheço, porém, o toque mágico que vem de Calvino, a minha passagem por Sanremo é bem menos empolgante. Quando menino, até a adolescência, ficava na casa da minha avó, a casa bailarina pintada de branco imaculado, onde dançavam as sombras das frondes prateadas das oliveiras que a cercavam.
Aquela riviera eu conhecia perfeitamente. Ainda bem pequeno vinha Gaston, amigo de infância da minha avó, dona de uma impecável receita de ovos à provençal, naufragados em um mar de tomates e folhas de manjericão. Era no prato que ele mirava na hora do almoço, à mesa octogonal de cor verde montada à sombra de uma enorme oliveira.
Um Otimista na América foi escrito ao longo do semestre que Calvino passou em Nova York, na década de 1950, e publicado apenas após sua morte. “Ele sai de uma Europa depauperada pela guerra e, ao chegar aos Estados Unidos, revê seus conceitos, e seus preconceitos, sobre a América”, diz Otávio Marques da Costa, publisher da editora. Entrada na Guerra, por sua vez, reúne três novelas curtas sobre sua vivência da Segunda Guerra Mundial.
E Calvino foi, ainda, um grande vendedor de livros. A agência Wylie, responsável por alguns dos maiores espólios literários – como os de Norman Mailer, Saul Bellow, Arthur Miller, Jorge Luis Borges, Albert Camus e Antonio Tabucchi –, começou a tratar do centenário de Clavino há pelo menos três anos.
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