Para Ana Maria Gonçalves, autora do seminal Um Defeito de Cor, a ideia de representatividade virou uma armadilha
Identidade. Agora relançado, o épico de quase mil páginas, narrado por uma escrava, mudaria para sempre a vida da escritora nascida em Ibiá - Imagem: Leo Pinheirofoi lançado pela Editora Record, em 2006, a Lei de Cotas não existia e as obras de artistas negros ainda figuravam, na museografia brasileira, em um espaço reservado – o Museu Afro, por exemplo, criado por Emanoel Araujo, havia sido aberto dois anos antes.
Narrado por Kehinde, menina nascida no Reino do Daomé, atual Benin, em 1810, e capturada ainda criança para ser trazida para a Bahia, como escrava, o caudaloso romance é considerado um marco da literatura brasileira.
Nascida em Ibiá, Minas Gerais, em 1970, e ex-moradora da Ilha de Itaparica, na Bahia, Ana Maria Gonçalves reside hoje em São Paulo, onde colhe e partilha os frutos de sua obra e de sua trajetória.O que aconteceu com você, com o livro, com o racismo e com as mulheres negras nesses 16 anos?Essa é uma longa viagem. Na minha vida, mudou tudo. Existe a Ana antes e a Ana depois do livro.