Adversário histórico do PT, Alckmin deixou o PSDB, fez aliança com Lula para derrotar Jair Bolsonaro e deve ser um vice-presidente atuante
A articulação da candidatura de Alckmin à vice-presidência começou em reuniões na casa de Chalita quando a ideia de ter o ex-governador — personificação da ideia de tucano e rival histórico de Lula e do PT — parecia improvável.
Uma acusação que pareceu ainda mais incisiva considerando o fato de que Alckmin sempre cultivou uma imagem de polido e nunca foi um adversário feroz nem mesmo para o PT. Até a militância — que sempre protestou contra a política de segurança pública de Alckmin, acusada de ser truculenta — pareceu aceitá-lo.
"Alckmin tem um prestígio que é muito associado à sua imagem em geral, ao conjunto da obra. Sua popularidade em São Paulo não é de um governo específico — se o público tivesse memória somente do último governo, provavelmente não seria uma grande imagem", avalia Lavareda, que durante anos foi o responsável pelas pesquisas de opinião pública encomendadas pelo PSDB.
Apesar de problemas, Alckmin foi reeleito em primeiro turno em 2014, com 57% dos votos válidos, derrotando Paulo Skaf, do PMDB. O então candidato do PT, Alexandre Padilha, ficou em terceiro lugar."É difícil identificar um outro vice desde a redemocratização que tivesse tanto apoio eleitoral quanto Alckmin", diz Lavareda.
"Existe sim a sinalização para o mercado de que não vai haver medidas radicais no campo econômico, mas a sinalização para o eleitor conservador é a mais importante", diz o cientista político.Católico, Alckmin sempre foi o mais religioso entre os cabeças do PSDB, o seu antigo partido — sempre foi descrito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como um homem "muito religioso".
A principal igreja frequentada por ele e sua esposa é a de Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América, na capital paulista.