O texto analisa como a postura agressiva de Donald Trump na América Latina pode estar abrindo espaço para a crescente influência da China na região. Enquanto os EUA reduzem sua participação, Pequim investe em acordos comerciais e projetos de infraestrutura, consolidando sua posição como um parceiro estratégico importante.
A postura coercitiva de Trump na América Latina pode estar beneficiando a China . Enquanto os Estados Unidos reduzem sua presença na região, Pequim está preenchendo o vácuo com investimentos e acordos comerciais. A estratégia agressiva de Trump pode fortalecer as relações latino-americanas com a China , levando a um cenário de maior influência chinesa na região.
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump adotou uma abordagem para a América Latina mais dura que a de seus antecessores, impondo sanções a países como Cuba, Nicarágua e Venezuela, e cortando a ajuda a outros, especialmente Honduras, Guatemala e El Salvador, que formam o chamado Triângulo Norte da América Central e têm sido as principais fontes de travessias irregulares nos EUA. Para alguns analistas, essas medidas acabaram aproximando certos governos da China, ao menos economicamente, algo que tem chance de recrudescer agora, diante de uma potencial guerra tarifária desencadeada por Washington e de suas repetidas ameaças a países da região.Trump acredita que, ao adotar uma posição coercitiva, criará uma barreira para que a China não consiga ampliar sua capacidade de inserção na América Latina. No entanto, ele relembra que, há mais de duas décadas, Pequim vem ocupando o vácuo deixado pelos EUA desde os ataques do 11 de Setembro de 2001, quando Washington reduziu sua agenda de política externa na região para concentrar seus esforços no combate ao terrorismo. Dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostram que a ajuda dos EUA a países latino-americanos está em queda, embora ainda seja expressiva e se mantenha na liderança. Mas o cenário é favorável para a China. Nos últimos anos, Pequim tornou-se o principal parceiro comercial da América do Sul e o segundo maior da América Latina como um todo, depois dos EUA — em 2021, as exportações latino-americanas para o gigante asiático ultrapassaram um recorde de US$ 450 bilhões, de acordo com o governo chinês, e alguns economistas preveem que poderá ultrapassar US$ 700 bilhões até 2035. Desde 2017, 22 dos 40 países da América Latina e do Caribe aderiram à Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), um projeto trilionário de infraestrutura e investimento global capitaneado por Pequim. Acordos de livre comércio também foram assinados com Chile, Costa Rica, Equador, Nicarágua e Peru — as negociações para um acordo com o Uruguai fracassaram devido à oposição do bloco comercial do Mercosul. E enquanto os governos latino-americanos reclamam, há anos, da ausência dos EUA em licitações para grandes projetos de infraestrutura, um levantamento do laboratório de pesquisas AidData estima em US$ 286,1 bilhões o valor investido por projetos chineses nesses países, um montante considerável para uma região cujo déficit anual de infraestrutura é de US$ 180 bilhões, segundo o Fórum Econômico Mundial. Os investimentos chineses incluem linhas de metrô em Bogotá e na Cidade do México, represas hidrelétricas no Equador e portos marítimos no Panamá e no Peru, onde foi inaugurado, no final do ano passado, o terminal portuário de Chancay, a iniciativa mais ambiciosa da nova rota da seda na América Latina, orçado em US$ 3,6 bilhões. — Não é que estejamos perdendo para a China na América Latina; na maioria dos casos, nem sequer estamos dando as caras no campo de batalha comercial — disse John Feeley, que atuou como embaixador dos EUA no Panamá de 2015 a 2018, ao New York Times.
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